A fofoca e o mundo
Tempo é patente, e Maricota tem idade de sobra
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emMaricota, idosa que nos faz jurar que a eternidade finalmente foi descoberta, era parte, há tempos, da paisagem da enorme janela daquele casebre bem ali na praça central, onde também se localizava a principal igreja da pequena cidade. Difícil passar por tal lugar sem notar a presença enrugada da velha senhora.
Aliás, Maricota também captava tudo ao seu redor e, aquilo que não estava ao alcance das suas vistas anuviadas, ela simplesmente vislumbrava. Tanto é que tinha fama de fofoqueira.
Tal predicativo era justamente o assunto daqueles dois, que passavam na calçada, quase em frente à casa da longeva. Enquanto um não havia completado 30, o outro quase regulava com a carcomida mulher.
– Essa velha tem a língua maior do que a de um tamanduá!
– Talvez você ainda não tenha percebido algo fundamental na história humana, meu rapaz.
O jovem, calado e com aquela cara desértica de sapiência, aguardava um desfecho para todo aquele suspense, beirando o artístico, do senhor que lhe fazia companhia naquela bela tarde primaveril.
– A mola propulsora do mundo é a fofoca! Sem ela, ainda estaríamos nos tempos das cavernas!