Terceira escola a entrar na Marquês de Sapucaí para a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, a São Clemente exibiu um enredo em homenagem às favelas no início da madrugada desta segunda-feira. Na avenida, a agremiação contou a história das comunidades e apresentou diversas características da população que lá mora – com direito a funkeiros e piriguetes.
“É nas velas que nasce o mais puro samba. Se tem batucada nos guetos tem bamba”, cantou a escola, no samba enredo intitulado simplesmente “Favela”. Os moradores das comunidades também ganharam espaço importante no desfile: “arquiteto da ilusão”, “pobre, mas rico de emoção” e “livre, mas preso na paixão”.
Para contar a história do enredo, a São Clemente retornou à Bahia do final do século XIX: na Guerra de Canudos, soldados do Exército Brasileiro se instalaram em um morro onde abundava uma planta, chamada popularmente de favela. No abre-alas da escola, uma escultura enorme de Antônio Conselheiro, líder da revolta no sertão, além de cangaceiros e diversas representações do combate sócio-religioso.
A comissão de frente da escola homenageou a mudança dos moradores das comunidades: bailarinos saíam inicialmente de um “barraco” vestindo roupas surradas e de tons neutros; depois, se transformavam em personagens contemporâneos, com roupas exageradamente coloridas – a “piriguete” que o diga.
O desfile lembrou, em alas, as principais favelas cariocas. Foram feitas homenagens à Babilônia, à Rocinha, ao Alemão e, também, a redutos de outras escolas do Carnaval do Rio, como por exemplo os morros da Mangueira e do Salgueiro. E, além do samba, outros estilos musicais ganharam espaço na apresentação da São Clemente, como o rap e o funk. Até cantores de funk, como a MC Marcelly, do sucesso Bigode Grosso, foram homenageados em um carro alegórico.