Quem avisa amigo é: se a situação na Ucrânia piorar, a humanidade estará à beira da extinção. Isso porque, como avisou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira (2), se uma Terceira Guerra Mundial ocorresse, envolveria armas nucleares e seria destrutiva.
Também nesta quarta-feira, as Forças Armadas do Kremlin iniciaram exercícios com submarinos nucleares e lança-mísseis terrestres em regiões na Rússia — mas longe do campo de batalha na Ucrânia.
No último domingo (27), o presidente Vladimir Putin deu ordem para colocar armas nucleares de represália em posição de alerta grave.
Onde as forças estão agindo
Os submarinos navegavam pelo Mar de Barents, ao leste da Finlândia, e os lançadores de mísseis percorriam estradas na Sibéria, no centro-norte russo.
A Frota do Norte da Rússia disse em um comunicado que vários de seus submarinos nucleares estavam envolvidos em exercícios projetados para “treinar manobras em condições adversas”. O comando informou ainda que vários navios de guerra encarregados de proteger o noroeste da Península de Kola, onde estão localizadas várias bases navais, se juntariam às manobras.
Já o Ministério da Defesa afirmou que unidades das Forças Estratégicas de Mísseis mobilizaram lançadores de mísseis balísticos intercontinentais Yars em florestas na região de Irkutsk, no leste da Sibéria.
Os militares não disseram se os exercícios estavam ligados à ordem de Putin no domingo para colocar as forças nucleares do país em alerta máximo em meio à guerra da Rússia na Ucrânia. Também não ficou claro se os exercícios representavam uma mudança nas atividades ou posturas normais de treinamento nuclear do país.
Nesta terça, o Jornal Nacional, da TV Globo, ouviu estudiosos sobre as ameaças do presidente russo aos países que declararam apoio à Ucrânia.
No discurso em que anunciou a invasão à Ucrânia, o presidente russo mandou um recado para as potências ocidentais. Putin disse “para qualquer um de fora que considere interferir, se o fizer, enfrentará consequências maiores do que qualquer outra que já se enfrentou na história”.
Agora, 60 anos depois, Vladimir Putin anunciou que colocou o arsenal nuclear russo em alerta especial. Foi uma ameaça aos países da Otan para tentar desencorajar o envio de armas ao Exército ucraniano e adoção de novas sanções econômicas à Rússia.
Historiador da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Rússia, Angelo Segrillo interpreta o anúncio de Putin como uma ameaça que não tem o objetivo de ser cumprida, mas de manter as tropas da Otan fora da guerra.
“Se a Rússia não tivesse armas nucleares, talvez isso até entrasse no cálculo da Otan. Uma ajuda militar direta localizada na Ucrânia. Agora, com a Rússia tendo armas nucleares, isso não entra na cogitação deles porque isso seria um risco para os próprios países da Otan”, explicou Segrillo.
Professora da Escola de Comando e Estado-maior do Exército, Mariana Carpes concorda que a intenção de Putin é aumentar a tensão na guerra contra a Ucrânia e não começar uma guerra mundial.
“Eu quero crer que dentro do jogo político, por maior animosidade e agressividade que se veja no teatro de guerra, que o entendimento de que as armas nucleares são uma ‘não arma’. Ou seja, são um armamento de não uso. Que ele prevaleça”, disse Mariana.
Debandada em discurso
Na terça (1º), mais de 100 diplomatas organizaram um boicote e deixaram a sala onde estava sendo realizada a Conferência sobre o Desarmamento da ONU, em Genebra, na Suíça, durante uma fala transmitida por vídeo de Lavrov (assista acima).
Os representantes de cerca de 40 países – ocidentais e aliados, incluindo o Japão – fizeram o ato como uma forma de protesto contra a invasão russa à Ucrânia. O diplomata que representava o Brasil não saiu da sala.
Em seu discurso, o ministro russo acusou a União Europeia de se envolver em um “frenesi russofóbico” por meio do fornecimento de armas letais para a Ucrânia durante a “campanha militar” iniciada pela nação liderada por Vladimir Putin na última quinta-feira (24).
“A Ucrânia ainda tem tecnologia soviética e meios de conseguir essas armas, nós não podemos deixar de responder a esse perigo real”, afirmou Sergei Lavrov.
Segundo o chanceler russo, membros da União Europeia teriam feito uma espécie de “bloqueio aéreo” a seu trajeto à sede da ONU.