Um grande trecho do Lago Sul, abrangendo a QL 12, onde mora a maioria dos ministros de Dilma Rousseff, e o Centro Comercial Gilbertinho, que concentra as casas de chá preferidas pela nata da sociedade brasiliense, ficou sem energia elétrica por muitas horas neste sábado, 28. O problema foi provocado por um acidente de trânsito, quando um carro de luxo colidiu e derrubou um poste.
Acidentes são comuns, principalmente quando se dirige a quase 200 km por hora. Podem até não estar escritos nas estrelas, mas que fazem parte do destino, não resta nenhuma dúvida. A questão é que o Lago Sul ficou no escuro (a CEB só restabeleceu o fornecimento de energia depois das 20h, enquanto o poste foi derrubado no meio da tarde) porque o motorista do carro acidentado foi imprudente.
O veículo é um Ford GT, avaliado em mais de 1 milhão 200 mil reais. Quem estava ao volante era o seu proprietário, Basile George Pantazis. Ele vem a ser um empresário apadrinhado pelo ex-senador Gim Argello. É (ou foi) tesoureiro do PTB no Distrito Federal.
George Pantazis é sócio da Dismaf. Trata-se de empresa que faturou 2 milhões 600 mil reais em 2006. Quatro anos depois, quando cresceram os vínculos dele com Gim, o faturamento deu um salto que beirou a casa dos 350 milhões. Logo depois houve o milagre da multiplicação, e a empresa de Pantazis embolsou mais de 700 milhões de reais.
A Dismaf começou a atuar com modéstia, vendendo bolsas de carteiros para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Aliás, a ECT é uma área que Gim Argello conhece bem. O ex-senador é uma espécie de imperador quando o assunto é a franquia das agências dos Correios.
Mas algo deu errado no contrato com a entrega de correspondências. Mesmo assim, Gim tirou uma carta da manga e entregou a Pantazis. Com o aval do PTB, a Dismaf ganhou sem dificuldades uma licitação para fornecer equipamentos à Valec, empresa que cuida da construção da Ferrovia Norte-Sul. As faturas emitidas tinham a cifra de 720 milhões de reais.
Muita gente estranha a homologação da licitação. É que a Dismaf, denunciada pelos Correios, estava (e ainda está) proibida por lei de participar de concorrências públicas.
Toda essa história veio à tona com o registro do nome de Basile George Pantazis na 10ª Delegacia Policial, onde foi feita a ocorrência do acidente. O teste do bafômetro indica que Pantazis não estava embriagado. Mas não é só uísque falsificado que dá dor de cabeça.
José Seabra