Notibras

Thamis e Iemanjá se dão as mãos para combater predador moral do DF

Na escuridão que envolve o Lago Paranoá, onde as carpas costumam dançar sob a luz do luar, Thamis, a deusa da Justiça, desceu à terra com sua balança reluzente. Ao seu lado, Iemanjá, a rainha das águas, emergiu graciosamente, com o vestido feito de espumas e os cabelos adornados por algas. As duas divindades, tão diferentes em reinos e missões, entrelaçaram as mãos em um pacto inusitado: proteger a sociedade brasiliense de um predador que não é peixe, mas um homem.

Robalo é o nome que lhe deram, um estelionatário astuto e voraz, que navega por Brasília como se fosse seu aquário privado. Ele é o mestre dos disfarces e das palavras suaves, capaz de convencer o dono de um restaurante a entregar-lhe o cofre ou de ludibriar um empresário para vender-lhe um imóvel que nunca existiu. Como as carpas do lago, ele é abundante, mas sua fartura vem do sofrimento alheio.

Os relatos de suas trapaças chegaram a Thamis como um turbilhão de vozes clamando por justiça. A deusa sentiu o peso de cada vítima em sua balança, que oscilou sob a carga de tantas vidas destruídas. Já Iemanjá, ao ouvir os lamentos das vítimas, descobriu que a ganância de Robalo estava contaminando não apenas as pessoas, mas também a categoria que ele, terráqueo mortal, enlameou.

“Não há correnteza que ele não tente atravessar para fugir da Justiça”, comentou Iemanjá, enquanto observava as suaves ondas dançarem sob seus pés. “Mas não há mentira que minha balança não pese”, respondeu Thamis, firme. Juntas, as duas elaboraram um plano.

Robalo caminhava pelas vias bem traçadas da capital da República, confiante e prepotente. Ele estava prestes a fechar mais um de seus golpes, desta vez contra uma mulher. Dela ele queria o carro, que seria repassado a um agenciador. Mas algo na atmosfera pareceu diferente. O ar estava mais denso, e as ruas agitadas. De repente, uma brisa fria soprou, e uma figura emergiu diante do golpista: Thamis, com os olhos brilhando como estrelas, segurava sua espada em uma mão e a balança na outra.

“Robalo, suas fraudes não passarão mais despercebidas”, anunciou Thamis com voz poderosa. Antes que o estelionatário pudesse reagir, surgiu Iemanjá, cercada por uma miríade de peixes que pareciam observá-lo com reprovação. “Você contaminou a própria classe, sujou a sociedade, e agora enfrentará seu julgamento”.

Preso entre a justiça terrena de Thamis e a força primordial de Iemanjá, Robalo não terá para onde fugir. Sua eloquência, que tantas vezes o salvou, está sendo abafada é abafada pela ira das suas vítimas e pelo eco das verdades reveladas. Ele será levado ao tribunal dos homens para que suas trapaças sejam desfeitas e sua rede de mentiras, desmantelada.

Quando mais um dia amanhecer, as grades estarão esperando por Robalo. Thamis terá retornado ao seu reino, Iemanjá mergulhará novamente nas profundezas do Paranoá, e o povo de Brasília nunca esquecerá que um predador da sociedade foi enjaulado. A isca foi lançada. Robalo caiu na rede como piaba. Suicida moral em potencial, o malandro vai amargar a tragédia que provocou na própria espécie. Para as vítimas, ficou a certeza que, mesmo em tempos sombrios, a esperança pode renascer como a luz do sol sobre o espelho d’água artificial da cidade.

Sair da versão mobile