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Tirania do mito deixa rastro de ruínas pelo Brasil

Aprendi cedo a não brincar com fogo. Mesmo já velho, morro de medo de amanhecer mijado. Da mesma forma, não chuto alguidar de macumba, não apago vela alheia, respeito às entidades do além, sempre peço benção à Papai do Céu e, quando necessário, louvo o Satanás de rabo. Afinal, o povo criado sob o manto da Rainha dos Baixinhos e respirando o mesmo ar dos bauretes de Tim Maia nunca “xabe” quando vai precisar de ajuda, tampouco se o Azul da Cor do Mar será eterno. Normalmente não é, como não está sendo para todos aqueles que ousaram desafiar as ordens, os mandamentos ou o olhar desabotinado do Capetão, o mito tipo fio desencapado que ocupou os gramados do Palácio da Alvorada por eternos quatro anos.

Por falta de conhecimento, felizmente o Palácio do Planalto usou pouco dele. Pois a insustentável tirania do mito deixou um rastro de ruínas pelo caminho. E elas não se limitaram à economia, à saúde, educação e bem estar da população. Também atingiram a imagem nacional e, sobretudo, pessoas que apanharam, apanham, choram, esperneiam, mas não conseguem se livrar da maldição bolsonarista. O próprio Sinhozinho Malta das Cucuias experimenta o inferno astral que ele mesmo criou. Sem ter o que fazer na vida pública (artística, melhor dizendo), a eterna Viúva Porcina teve de recorrer literalmente à privada para aparecer. Vez por outra, ela posta fakes sobre Luiz Inácio, os quais são desmentidos e retirados do ar antes mesmo que a ex-namoradinha do Brasil ela possa dizer ao Jair que topa tudo por um cafuné.

Aliás, tenho a impressão de que as polêmicas alimentam um sonho inalcançável da ex-atriz global, que é pegar uma barriga de Lula da Silva. O que ela faz não é normal. Ex-tudo, inclusive garota propaganda de uma marca de arroz, a moça hoje é ignorada pela família e pelo ídolo que tanto defende. Coisas que nem a psiquiatria entende. Nesse mesmo diapasão, incluo a não menos antipática Cássia Kis, cuja atuação em Travessia atravessou na goela dos colegas de elenco uma espinha do tamanho do coturno do presidente do seu coração. O dela, é claro. Cássia não quis, mas perdeu o rebolado, o emprego e um caminhão de amigos que, mesmo silenciosamente, sempre preferiram subir os degraus da esquerda, mas nunca fizeram pouco caso dos da direita.

Em se tratando de Jair Messias, desgraça pouca não é bobagem. Colar nele é sinal de morte certa ou de futura decapitação. De homens fortes da educação, Abraham Weintraub e o pastor Milton Ribeiro sumiram na poeira do ostracismo. O mesmo ocorreu com o cardiologista Marcelo Queiroga, cujo coração não sei se continua batendo depois da série de equívocos durante a pandemia. Ensaísta e ideólogo do Jair, Olavo de Carvalho ensaia novas formas de fakes na quentura das trevas, onde chegou em janeiro do ano passado. Ex-ministro da Justiça e, como dizem, um dos mentores, a pedido, do fracassado golpe de 8 de janeiro, o delegado Anderson Torres está preso, corre o risco de ser expulso da Polícia Federal e, caso isso ocorra, perderá um salário de cerca de R$ 30 mil.

Embora eleito senador da República, o ex-juiz e também ex-ministro da Justiça Sérgio Moro está enrolado até as meias no Supremo Tribunal Federal. A imunidade parlamentar não o desobriga de explicar acusações levianas feitas ao ministro Gilmar Mendes. Dançou sem música e agora terá de colocar a boca no microfone do plenário do STF para se defender. Em tempo, apesar dos votos contrários dos bolsonaristas raiz Nunes Marques e André Mendonça, o Supremo já totalizou 550 réus pelos descalabros de 8 de janeiro. Passaram rápido de defensores da família e dos bons costumes à condição de bandidos travestidos de patriotas. A lista é interminável e inclui os que se elegeram governadores, senadores e deputados, mas não conseguiram se livrar da pecha de aliados do caos.

Entre estes estão os ex-ministros Damares Alves e Ricardo Salles. O último a experimentar a maldição foi o tenente-coronel Mauro Cid, o faz tudo que acabou fraudando, a pedido, o cartão de vacina do chefe. Para militares que conhecem a carreira, o oficial nunca chegará ao generalato. Ficará como está e que torça para não ser rebaixado. A bola da vez é a ex-primeira dama, cujas compras eram pagas sempre com dinheiro vivo. Depois das joias das arábias, a moça agora está enrolada com uma tal Cedro do Líbano. Será que são só especiarias? Pelo sim, pelo não, também acho que a Polícia Federal puxou o fio da moeda, desnudou a família e, no futuro, talvez deixe todo o clã com a rachadinha à mostra.

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