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Toc, toc, toc. Caça aos anticopa bate na porta. Polícia de Agnelo nega

Militantes do Comitê Popular da Copa no Distrito Federal dizem ter recebido a visita de homens não identificados se passando por representantes da Justiça Eleitoral. Três integrantes do movimento ouvidos pela Agência Brasil suspeitam de que os homens eram policiais com o objetivo de intimidá-los, já que o grupo está organizando para quinta-feira (12), dia da abertura da Copa do Mundo, mais um ato contrário aos gastos públicos no evento.

Thiago Ávila foi um dos seis integrantes do comitê que receberam a visita. Segundo ele, um homem dirigindo uma Hilux sem identificação oficial esteve em sua casa e também em um local onde ele trabalhou até recentemente.

“Me ligaram de casa dizendo que esse camarada tinha passado por lá, dizendo ser servidor do TRE [Tribunal Regional Eleitoral] e que precisava checar algumas informações por causa do recadastramento biométrico. A principal preocupação dele era saber os horários em que costumo estar em casa. Depois, ele foi ao meu antigo emprego e conversou com a minha ex-chefe, querendo saber o que eu fazia quando trabalhava lá, quanto eu ganhava e porque tinha saído”.

De acordo com Ávila, o nervosismo e a falta de identificação do visitante levantaram suspeitas de todos. Quando a ex-chefe do militante pediu para que o homem mostrasse sua identificação funcional, ele respondeu que, por se tratar de uma visita informal a serviço do TRE, não havia necessidade de identificação. Ainda assim, o homem forneceu o número de um telefone pelo qual Ávila mais tarde conseguiu localizá-lo.

“Liguei e perguntei o que ele queria. Ele me contou a mesma história, mas gaguejava muito, dizendo que tinha sido uma visita informal e que, no TRE, eu não conseguiria nenhuma informação oficial sobre o procedimento. Quando eu disse que iria ao tribunal checar, ele disse que não precisava, que nós conversaríamos em outra ocasião, na minha casa”, declarou Ávila. Segundo ele, o nome com o qual o homem se identificou não consta dos registros públicos de servidores do tribunal.

Vinícius Lobão é outro dos militantes do Comitê Popular da Copa que dizem ter passado pela mesma situação. Segundo ele, dois homens chegaram a sua casa no exato momento em que ele saía para trabalhar. “Se identificaram como oficiais do TRE e disseram que precisavam confirmar os meus endereços. Eles inclusive apresentaram carteiras de identificação oficiais, mas eu achei muito estranho que o TRE estivesse visitando eleitores. Ainda mais usando uma Hilux não identificada”, comentou Lobão. “Pelas perguntas que fizeram, eu temo que a qualquer momento possa chegar um mandado de prisão preventiva. O que eles mais queriam saber era onde estamos a cada hora do dia”.

Os militantes do comitê suspeitam que os homens eram policiais civis, a serviço da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. “Não temos ainda como saber quem está por trás disso, mas não somos ingênuos. Temos especulações. Até porque, sabemos que, normalmente, quem usa Hilux em suas investigações é a Polícia Civil. Se isso ficar confirmado, revela o nível de amadorismo dos serviços de inteligência que temos hoje”, afirmou Thiago Ávila.

Também integrante do comitê, Rafa Madeira cobrou que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e o comando da Polícia Civil esclarecessem publicamente se a iniciativa faz parte de uma ação de investigação.

“Está claramente configurada uma tentativa de nos amedrontar e controlar. Não é uma coincidência que a casa de ao menos seis pessoas de um grupo restrito tenham sido visitadas por ‘arapongas’ se passando por servidores da Justiça Eleitoral pouco tempo depois de o governo ter se comprometido a não reprimir previamente as manifestações”, comentou Madeira. O grupo denunciou o caso à Anistia Internacional, sob o argumento de que houve abuso de autoridade e desrespeito aos direitos civis.

No fim da tarde, o governo do Distrito Federal divulgou, por meio das redes sociais, nota em que a secretaria e a Direção Geral da Polícia Civil afirmam não ter qualquer ligação com as denúncias.

“Ao contrário do que vem sendo divulgado nas redes sociais, não estamos realizando nenhum tipo de levantamento ou visitas domiciliares a membros ou ativistas de protestos. O papel da segurança pública restringe-se única e exclusivamente a impedir depredação do patrimônio público ou atos de vandalismo, pois a instituição é responsável pela salvaguarda do Estado Democrático de Direito”, diz o texto, que acrescenta que as instituições rechaçam “qualquer coibição ao direito democrático e constitucional de organização e manifestação”.

 Alex Rodrigues, ABR

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