José Escarlate
Sarney tinha laços de amizade com pessoas de variadas tendências. Os ministros foram herdados de Tancredo. Depois, cortou alguns. No Palácio do Planalto colocou gente sua.
O assessor especial e conterrâneo Joaquim Campelo, homem de cultura ilimitada, coautor do dicionário do Aurélio. Cabia a ele redação dos discursos, com direito, ainda a ouvir confidências. No mesmo grupo, o poeta e pintor Virgílio Costa, que passou a cuidar das Memórias do Sarney. Na área de imprensa, Fernando César Mesquita, um cearense nascido em 1938, no tempo em que bebê nascia em casa.
Ao franco-maranhense Napoleão Sabóia coube a área de imprensa internacional. Ele, Fernando César e o poeta Ferreira Gullar tinham acesso direto ao presidente, com a liberdade de debater sem censura o problemático jogo do poder. Antônio Carlos Drummond, o “Toninho”, capo da Rede Globo, também andou por lá, mas não quis assumir alegando que seria muito mais útil ao governo do lado de fora.
O jornalista e escritor Luís Guttemberg Lima e Silva era também assessor especial. Um dos mais importantes nomes do jornalismo, Guti, como eu o tratava, foi editor da Veja, deu nome ao Jornal de Brasília, como chefe de redação, e escritor, com muitos títulos, como os romances “O Jogo da Gata Parida” e “Rendez vous no Itamaraty” e a biografia “Moisés codinome Ulysses Guimarães”.
Ele foi o responsável, entre outras ações, pela redação do programa “Conversa ao Pé do Rádio”, que Sarney gravava às segundas-feiras, pela EBN, criado pelo jornalista e escritor Frota Neto, que ocupou o lugar deixado por Fernando César.
Quando Sarney discordava do tema da “Conversa” ou tinha ideias novas, pegava sua máquina de escrever portátil Olivetti Lettera debaixo da mesa e escrevia o programa. Às vezes, todo. O mais importante assessor do presidente, e que chegou por último foi o ministro aposentado do TCU, Thales Ramalho.