Jogo do toma lá dá cá de Robério e Rafael gera nova crise com Filippelli
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emUm contrato milionário de terceirização de mão-de-obra no Departamento de Trânsito do Distrito Federal está abalando as estruturas do PMDB brasiliense. O presidente regional da legenda, ex-governador Tadeu Filippelli, irritou-se ao saber que as negociações envolvem dois dos seus pupilos (Robério Negreiros e Rafael Prudente) e ameaça mandar a dupla para o Conselho de Ética da legenda.
A reação de Filippelli se justifica, conforme confidenciou a Notibras nesta quarta-feira 28, um influente dirigente peemedebista. Não se questiona uma eventual prestação de serviços com mão-de-obra terceirizada. O que está em jogo, segundo um interlocutor do ex-vice-governador, é o toma lá dá cá: em troca dos contratos, Robério e Rafael garantiriam mais dois votos ao Buriti na Câmara Legislativa.
Os dois deputados são herdeiros de empresas prestadoras de serviços em diversas áreas, embora o filão seja a segurança. Enquanto Robério defende os interesses da Brasfort, Rafael fala em nome da Cinco Estrelas, que tem o comando de Leonardo Prudente, ex-deputado cassado por seu envolvimento na Caixa de Pandora.
Para ficar com os contratos – e consequentemente garantirem votos para a aprovação de matérias de interesse do Palácio do Buriti – a Brasfort e a Cinco Estrelas fariam uma operação casada, agindo como empresas siamesas. Esse mesmo papel é desempenhado pelos deputados Robério e Rafael, que decidiram andar de mãos dadas não apenas nos corredores, comissões e Plenário da Câmara Legislativa, como também, e principalmente, quando se dirigem ao Palácio do Buriti.
A irritação de Filippelli é maior com Robério Negreiros. Logo no começo do ano, o deputado bateu nas portas do Buriti, sinalizando interesse em alguma secretaria e comando de administrações regionais para seus apadrinhados. O ex-vice-governador desautorizou as conversas, chegando mesmo a indicar que poderia ser aberto um processo de expulsão do parlamentar.
Naquela ocasião, Robério respondeu, usando de sarcasmo, e questionou a autoridade de Filippelli. – Expulsão? (Risos). Creio que ele (Filippelli) precisa de elementos para tanto, declarou.
Se o agravante seria negociar cargos, a situação agora encaminhada é ainda mais grave, porque envolve dinheiro. Os serviços que Robério e Rafael querem prestar ao Detran por meio da Brasfort e Cinco Estrelas, em troca de votos, valem muito dinheiro.
Quem tem o contrato é a Soberana, empresa credenciada a atuar no Departamento de Trânsito após o expurgo da Cinco Estrelas. É um serviço que vem sendo feito em caráter emergencial, mas um dos seus diretores, com aquele velho perfil de índio guerreiro, promete usar as armas de que dispõe para não ser vítima de uma rasteira.
José Seabra