A seleção passou a Copa inteira casada com a torcida. Hino a capela, comoção por Neymar, idolatria da David Luiz… Neste sábado, a torcida bem que tentou manter o clima, esquecendo o 7 a 1 diante da Alemanha no início da disputa do terceiro lugar. Só que a nova derrota, desta vez para a Holanda, não impediu o time verde-amarelo de terminar a Copa sob vaias.
A mudança de espírito deu o tom ao longo dos 90 minutos de jogo no Mané Garrincha. Até o apito inicial, a torcida fez força para mostrar que estava junto com a seleção, na vitória, na derrota e no vexame.
Teve hino a capela, exaltação a David Luiz e Neymar e mensagens de força, dentro e fora do estádio. O problema é que a seleção não reagiu, em campo, como a torcida gostaria.
Aos 3 minutos de jogo, no primeiro ataque da Holanda, Van Persie encontrou Robben nas costas da defesa e viu Thiago Silva derrubar o companheiro fora da área. O juiz, equivocadamente, deu pênalti, que o próprio Van Persie bateu e converteu.
A arquibancada reagiu com mais apoio, “Brasil” para lá e “Brasil” para cá. Só que o erro de David Luiz aos 16 minutos, deixando a bola nos pés de Blind para empatar, acabou com a paciência do público.
A torcida parou de cantar, se assustava a cada saída de bola equivocada e mostrava impaciência quando o Brasil errava alguma coisa. Se preocupava com coisas que vão além do jogo, é verdade. No meio do primeiro tempo, quando a seleção perdia de 2 a 0 e não dava sinais de reação, o público fez questão de arriscar uma “ola” sem muito sucesso.
Nos ápices de mau futebol da seleção, vaia para o time. Foi assim no intervalo e a cada substituição feita. Paulinho, quando deu lugar a Hernanes, foi criticado. Com Ramires, sacado para a entrada de Hulk, foi da mesma forma.
É um fim melancólico para uma história que teve muitas reviravoltas. Atrapalhada pela herança maldita de gerações anteriores, os jogadores do time atual sofreram ao longo dos últimos quatro anos com a “corneta” da torcida, e foram vaiados algumas vezes mesmo jogando em casa.
Desde o ano passado, porém, isso mudou. Com a conquista da Copa das Confederações, o time de Luiz Felipe Scolari ganhou força e apoio. Neste ano, a forma como a seleção chegou à semifinal, no sufoco e com dramas, conquistou ainda mais o público, que nem reagiu com a intensidade que se poderia esperar.
A dúvida é saber como ficará, a partir de agora, a relação entre o público e a torcida. Ao fim do jogo, com o placar por 3 a 0, nem as vaias foram contundentes, expondo o desdém final do torcedor com o Brasil que decepcionou em casa.