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Trabalho com a comunidade conserva estradas vicinais

A preservação das vias não pavimentadas é o retrato de um trabalho conjunto entre órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) e moradores das localidades rurais. Enquanto o Executivo conserva e recupera as rodovias, com nivelamento, implantação de RCC (resíduos da construção civil) e a criação de mecanismos de drenagem, a comunidade ajuda a manter a qualidade das estradas com pequenas ações dentro das propriedades. Uma dessas iniciativas se dá por meio do programa Porteira para Dentro, coordenado pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do DF (Seagri).

O objetivo é fazer a manutenção das estradas e a construção de bolsões – buracos profundos escavados no solo para conter a água das chuvas e evitar erosões –, sobretudo para proteger os rios e mananciais localizados no interior das propriedades.

Somente neste ano, as equipes da Seagri construíram 111 baciões nas áreas rurais do DF e recuperaram com cascalho e RCC mais de 145 km de estradas rurais com a ajuda do Porteira para Dentro, ultrapassando o total de 94,2 km executados em 2022. Além disso, de 2019 até setembro deste ano, outros 6.294 km de estradas rurais receberam intervenção do GDF com a aplicação do material nas vias não pavimentadas do DF.

Preservação do solo
“O plano é atender as demandas da comunidade”, explica o secretário executivo da Seagri, Rafael Bueno. “De maneira geral, elas vêm pelas associações ou pelas administrações regionais. A gente conversa com todos os entes para que haja uma mobilização para que nos recebam. Antes de iniciar o serviço, fazemos uma reunião com os representantes e depois realizamos uma vistoria no local para verificar qual serviço será feito e qual maquinário será utilizado.”

O serviço é mais uma forma de o governo atuar na conservação das vias não pavimentadas. “A qualidade das estradas está intimamente ligada à preservação do solo e da água dentro das propriedades”, pontua o coordenador do Polo Rural do programa GDF Presente na Secretaria de Governo (Segov), Luciano Mendes. “Os produtores não podem deixar o solo exposto sem pastagem, palha ou alguma cultura, porque quando chove é tudo carregado para dentro das estradas e dos córregos, que vão assoreando”.

Por isso, a Seagri e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) também auxiliam os produtores rurais em relação à topografia dos terrenos, além de melhorar o acesso dos ônibus à comunidade escolar rural.

“Orientamos sobre a necessidade da criação de ondulações transversais, mais conhecidas como peitos-de-pombo, e das bacias de retenção, também chamadas de barraginhas, que são pequenas bacias escavadas no solo”, detalha a engenheira ambiental Icléa Silva, extensionista rural da Emater.

Bons exemplos
Morador do Assentamento Primeiro de Julho, em São Sebastião, o produtor de ovos Giliard Antunes conta que a situação da área da Agulhinha melhorou muito depois da atuação do governo dentro e fora das propriedades. “Houve uma força-tarefa aqui em que o governo recascalhou a estrada e fez bolsões e peitos-de-pombo para desviar a água”, lembra. “Isso melhorou 100%. Agora não temos mais problemas de carros quebrados ou serviços que não querem vir aqui. Sem falar que para nós, que produzimos ovos de galinha, a estrada restaurada garante que o produto vai chegar em bom estado”.

Com uma propriedade de quatro hectares, Antunes também precisou fazer sua parte para melhorar a situação da comunidade. Com ajuda do programa Porteira para Dentro, foram instalados bolsões e lombadas para diminuir a velocidade da água, em momentos de enxurradas. “Agora a água fica dentro da propriedade, o que é ótimo, porque não escorrega para as vias e também faz com que eu sempre tenha a terra molhada, melhorando a qualidade do solo”, comemora.

O bom exemplo também é dado pela produtora rural Maria José Ribeiro Alves, do Núcleo Rural Ponte Alta Norte, no Gama. Ela produz biscoitos caseiros e acerola, que são vendidos nas feiras e no comércio da região administrativa. Dentro da propriedade, Maria José colaborou com o trabalho desenvolvido pelo governo.

“Para que o Estado consiga trabalhar nas melhorias da região, a gente precisa autorizar que eles tirem o cercamento da nossa propriedade para a máquina chegar até aqui, e eles, então, conseguirem construir os bolsões e os peitos-de-pombo, mas tem muitos vizinhos que não deixam, e a chuva acaba ocasionando erosões nas vias e os rios, poluídos”, aponta ela.

Conscientização
Para isso, são elaboradas ações de educação ambiental a fim de promover a conscientização sobre o assunto entre os produtores agrícolas. “Há sinalização dos órgãos do GDF pedindo para que as pessoas não obstruam os baciões; as associações também têm o papel de conversar com os vizinhos para não atrapalhar o trabalho desenvolvido pelo governo”, avalia Rafael Bueno.

Uma das principais consequências da chuva em vias não pavimentadas que não contam com as estratégias de drenagem é o assoreamento dos cursos d’água — acúmulo de terra, lixo e matéria orgânica no fundo de um rio ou córrego. No caso do Núcleo Rural Ponte Alta Norte, há um riacho que dá acesso ao Engenho das Lajes.

“Aqui tem muitas minas de água, mas todas elas estão praticamente acabadas com tanta erosão”, alerta Maria José. “A gente precisa urgentemente evitar que essa água escorra para dentro dos nossos córregos, mas, se os proprietários das chácaras não colaborarem, infelizmente, o futuro vai ser a poluição dessas águas.”

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