Roberta Rampazzo é dona de um traço simples e forte. Seus móveis, avessos a grandes malabarismos formais, se propõem, primordialmente, a servir seus usuários. Mas, idealmente, pretendem ir além disso.
“Acredito que o bom design não deve se limitar à clássica fórmula forma e função. A beleza merece também entrar na receita”, brinca ela, atualmente radicada em Londres, de onde coordena a produção de seus móveis por diversas empresas no Brasil e orienta a distribuição internacional (França, Inglaterra, Austrália e Espanha figuram entre seus pontos de venda).
E foi direto da capital britânica, onde comemora o duplo sucesso da mesa Fina – que acaba de participar da exposição “O sentar do Brasileiro” em Milão e de ser indicada para um dos principais prêmios de design alemão –, que a designer falou nesta entrevista.
Por que a opção de se transferir para Londres? Você pretende produzir por aí?
Já é a segunda vez que venho para cá. A primeira foi em 2003, com o objetivo de aprender inglês e ter uma vivência fora do Brasil. Dessa vez vim por motivos pessoais, para entender melhor o mercado e também ter uma experiência profissional. Como tenho muitas parcerias com empresas brasileiras, minha atuação no País ainda é grande, mas pretendo dinamizar minha atuação por aqui.
Seu trabalho tem passado por um progressivo processo de desmaterialização. No começo, você parecia usar mais material e obter produtos mais densos. Hoje suas peças estão cada vez mais leves e mínimas. A que se deve essa mudança?
Interessante sua colocação. Meu trabalho reflete muito de mim e, ao longo destes 15 anos que produzo, fui me transformando e repassando isso para minhas peças. Acredito que meu traço hoje seja mais expressivo e consciente tanto em relação à escolha dos materiais, quanto da qualidade. Hoje me preocupo em criar produtos responsáveis e penso na longevidade de minhas criações. Em geral, gosto de eliminar o que considero excessivo, tanto na forma, quanto no material. O que favorece os custos, a produção e a estética.
Você comercializa suas peças em diversos países. Quando projeta tem em mente, digamos assim, um estilo internacional?
Eu procuro, acima de tudo, criar peças atemporais, com conteúdo e traços limpos. E isso, em geral, tem alcance internacional. Acredito que um outro ponto forte do meu trabalho é conter elementos capazes de emocionar o consumidor. Sejam eles o material, a forma, o aspecto lúdico. Sair do lugar comum é o que faz um produto se destacar. Não importa onde.