Notibras

Traições vão frustrar candidatos após a abertura das urnas

Última semana de campanha. Apesar de mais curta que de costume, a de 2018 foi penosa para os candidatos. A todos os cargos. Uns engordaram, outros emagreceram, alguns até foram parar no hospital! Debates esquentaram, e a temperatura deve ainda subir mais nesta terça-feira, com o tradicional capítulo pós-novela da 9.

O global não será o último encontro dos sete principais candidatos ao Buriti – principais pelo menos aos olhos da legislação eleitoral, que convida a Fátima Sousa (PSOL) mas barra o Alexandre Guerra (Novo) e o General Paulo Chagas (PRP), sempre com maior pontuação nas pesquisas. Haverá um último ringue, na TV Brasília na quarta-feira, mas o horário (17 horas) não deve atrair grande audiência.

Mas atrás dos ataques e das briguinhas televisivas, houve também batalhas para os candidatos proporcionais. Um não gostou que outro, do mesmo partido, venha fazer campanha em “sua terra”. Outro reclamou da falta de isonomia nas inserções de TV. Outro ainda se queixou do dinheiro. Que chegou tarde. Ou nem chegou, para alguns.

Queixa habitual em todas as campanhas, os dedos foram apontados nas “dobradinhas”. Candidato a distrital procura bancar parte (ou totalidade) de sua campanha por um “irmão” maior, candidato a federal. O movimento inverso também é válido: pretendente à Câmara dos Deputados mais abastecido, mas com nome desconhecido, propõe sociedade aos puxadores de voto distrital (que sejam eles regionais ou de categoria). E sempre aparecem problemas: o distrital queria um pouco mais de recursos, ou então mais exclusividade em sua região ou categoria; o federal se queixa da falta de boa vontade dos apoiadores do distrital em divulgar ambos os nomes.

A última semana tem também uns cheiros de traição pairando no ar. Aquele candidato vistoso para majoritária que não se firmou vê suas tropas ficarem mais reduzidas. É que alguns dos líderes e cabos eleitorais que o tratavam como irmão de sangue já pensam em serem adotados por outra família, uma que tem mais chances de continuar em campanha até o fim do mês.

Na votação de primeiro turno para governador (e presidente da República), não há vencedor (com exceção de 1994 e 1998 no Brasil, e de 2006 no DF). Só um monte de derrotados que deixam dois concorrentes continuar enquanto eles têm que dar explicações e arranjar desculpas para ter saído do jogo antes do fim.

A situação no DF, pelas últimas pesquisas, não permite indicar com certeza quem já está fora da corrida ao Buriti. Um movimento de última hora pode custar alguns pontos a um dos cinco do pelotão da frente, e, matematicamente, outros serão beneficiados. O movimento contrário também existe: um candidato pode ter uma arrancada, ganhar 11 pontos de uma pesquisa para outra, e assim diminuir do mesmo tanto seus adversários.

Os indecisos estão quase chegando a zero. Os brancos/nulos estão estáveis em sua vontade de virar de costas para o pleito, não importa quem sejam os candidatos. Então toda subida espetacular se faz mudando o voto de um eleitor que já tinha se decidido.

Se ainda é difícil prever com certeza a composição do segundo turno, pelo menos um recorde parece estar pronto a ser batido: o da menor votação histórica de um candidato do PT ao Governo. Estabilizado em volta de 5%, Miragaya precisaria quadruplicar seu resultado para chegar ao piso que Agnelo estabeleceu em 2014. Ele será levado pelo tsunami anti-petista que varre o DF, e engrossa as intenções de voto de Bolsonaro para presidente. É capaz que a votação para Distrital do PT ter mais volume que a candidatura ao Buriti.

Não será uma surpresa, o partido já esperava uma campanha majoritária difícil, o que motivou a presidente Érika Kokay a concentrar os esforços vermelhos na bancada da CLDF. Além de sua própria reeleição, que parece assegurada.

Surpresa, desencanto e possível amargor haverá em outros comitês domingo à noite. Surpresa da modéstia do resultado, desencanto pela condução da campanha que tinha começado tão bem, e amargor de verificar que, na derrota, os amigos incondicionais se contam nos dedos das mãos. Ou mesmo de uma só.

Sair da versão mobile