Carolina Paiva, Edição
O preconceito ainda é uma das maiores armas contra as pessoas trans. Além da violência e da marginalização, quem decide assumir o gênero que se identifica sente ainda a dificuldade de conseguir se inserir socialmente. Muitas vezes, quem consegue vencer esses desafios, sequer é lembrado. Por isso, a ONG Amigos da Vida criou a exposição fotográfica Transformadas, com fotos de pessoas transgêneros que lutaram e conseguiram a inclusão na sociedade. A abertura será no dia 23 de maio, às 16h30, no Hélio Instituto de Beleza (Lago Sul).
Com produção do stylist Marcos Barozzi, as modelos foram fotografadas por J.P.Telles em situações do cotidiano em estúdio, de forma a “encarar” a câmera, para dar a ideia de enfrentamento à sociedade. “A ideia da exposição é demonstrar que a identidade de gênero em nada interfere na capacidade ou na competência. Queremos mostrá-las na rotina, no cotidiano, na normalidade do dia a dia”, explica o produtor, que contou com a ajuda de Ricardo Maia, um dos mais renomados hair designers do país.
Além do preconceito, a marginalização é também um assunto que preocupa. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo. Em 2016, foram 144 assassinatos no país – um aumento de 22% em relação a 2015. “Sobre a homofobia, o risco de uma pessoa trans ou travesti ser assassinada é 14 vezes maior do que um gay, por exemplo. A expectativa de vida delas é de 35 anos, menos da metade de uma pessoa heterossexual. É assustador”, afirma Christiano Ramos, presidente da ONG Amigos da Vida.
Segundo o Relatório da violência homofóbica no Brasil, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a transfobia faz com que esse grupo “acabe tendo como única opção de sobrevivência a prostituição de rua”. Não é mera força de expressão. Estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), com base em dados colhidos nas diversas regionais da entidade, aponta que 90% das pessoas trans recorrem a essa possibilidade ao menos em algum momento da vida.
Cursos – Para reverter essa realidade, a Amigos da Vida, sediada em Brasília, decidiu reunir parceiros e criar cursos de capacitação profissional exclusivos para pessoas transgênero. O projeto homônimo à exposição, Transformadas, tem como objetivo capacitar mulheres trans em cursos de Make Up Artistic, Passarela, Marketing Social, Call Center, Empreendedorismo, Geração de Renda com foco também em Advocacy, Saúde, Cultura e Educação.
“A ideia surgiu para aproveitar a sabedoria e o conhecimento da nossa rede de parceiros em suas áreas de atuação e conseguir levar esse know-how para frente. Assim, conseguimos democratizar o acesso a recursos, incentivando a inovação e descoberta de novas tecnologias sociais”, diz Patrícia Lobaccaro, presidente da BrazilFoundation, uma das investidoras da ação.
Para Pedro Alves, também da Amigos da Vida, a sensibilização de empresas parceiras foi fundamental para o sucesso do projeto. “Com esse grande apoio das empresas, conseguiremos inserir as participantes no mercado de trabalho em diferentes segmentos, corroborando para o crescimento profissional e promovendo o sentimento de pertencimento e de inclusão social”, diz.
Os cursos terão duração de 20 a 40 horas, a depender da modalidade, e serão reconhecidos por certificados às participantes. “Graças às empresas parceiras, conseguiremos encaminhar várias delas ao mercado de trabalho, seja no segmento de moda ou para trabalhos mais administrativos, como call centers”, reforça Christiano Ramos.
SERVIÇO
Exposição Transformadas
Lançamento de cursos profissionalizantes
Abertura 23 de maio, até dia 28/05
Hélio Instituto de Beleza
Lago Sul