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'Votos comprados'

Trator do Planalto derruba denúncia na CCJ da Câmara

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Marta Nobre

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados rejeitou nesta quinta-feira, 13, a denúncia de corrupção passiva apresentada contra o presidente Michel Temer pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. A decisão leva a votação final para o Plenário da Câmara, o que deve acontecer na primeira semana de agosto.

O Palácio do Planalto usou um verdadeiro rolo compressor para derrotar o parecer do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), favorável ao prosseguimento da denúncia. O resultado final foi de 40 votos contra o relatório, 25 a favor e uma abstenção. No Plenário, a oposição vai precisar de 342 votos para garantir a continuidade do processo.

Com o arquivamento do relatório de Zveiter, a CCJ passou a analisar um novo parecer, elaborado por Paulo Abi-Ackel, do PSDB de Minas Gerais. Ele é muito ligado ao senador Aécio Neves, também do PSDB mineiro, e um aliado histórico de Temer. O deputado foi ‘escolhido a dedo’ para manifestar um voto favorável ao presidente.

Vitória comprada – Antes da votação, Zveiter subiu o tom contra o presidente, acusando-o de comprar parlamentares para tentar barrar o parecer “Temer acha que usando dinheiro público pode submeter a Câmara ao seu bel sabor”, afirmou.

Ele disse que Temer “deveria ser o primeiro a querer ver esclarecidas as denúncias”, porém “quer subtrair o direito da população de esclarecimentos”. “Temos que dizer que distribuir dinheiro público é obstrução de Justiça. Perderam a vergonha, perderam a compostura. É obstrução de Justiça deputados aqui votarem a favor de um arquivamento esdrúxulo.”

Para Zveiter, a gravação entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, é uma prova “lícita” e “cristalina”, que “não deixa a mínima dúvida de que o presidente escolheu o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures como representante para tratar de propina”. “A narrativa da Procuradoria-Geral da República é fortíssima, os indícios são fortíssimos”, considerou.

“Existem indícios, sim, mas não fui eu que coloquei na Constituição da República a consequência do afastamento por 180 dias. E não é por isso que vou me acovardar, colocar para debaixo do tapete isso tudo e manchar a imagem do Parlamento mais ainda”, justificou.

Zveiter avaliou que, “se (Temer) fosse um cidadão comum, com certeza absoluta a denúncia já estaria em andamento”. Ele fez duras críticas às articulações feitas pelo Palácio do Planalto na CCJ para trocar membros e garantir maioria contra a denúncia. “Hoje vejo deputados que se acham donos da verdade, com base na liberação das verbas parlamentares e dos cargos. Eu não faço parte disso.”

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