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Troça carnavalesca de pierrôs cria um enredo bem perigoso para Lula

Um exército de advogados forjados em terracota tem mantido uma relação supostamente promiscua com Lula. O nível das conversas é o mesmo da relação do Planalto com o Congresso, do tipo é dando que se recebe. Ou, no linguajar político, toma-lá-dá-cá. O problema é que esse batalhão brancaleone, para se manter em evidência, costuma bater nas portas do Quarto Poder. Pede favores, acena com reciprocidade, mas, na primeira curva, segue em mão única. O problema é que o mundo dá muitas voltas.

A existência do espelho d’água no Palácio do Planalto que pode se transformar em um Rubicão de águas tortuosas, veio à tona no domingo, 18, em reportagem d’O Estado de São Paulo. O texto, cristalino e verdadeiro como o resultado de uma ciência exata, nos inspirou a contar o que sabemos sobre o que definimos como troça carnavalesca fantasiada de pierrôs apaixonados pelo Poder, mas que tendem a desenhar para o presidente da República um perigoso enredo de carnaval fora de época.

As armas desses feitores brancaleones de terracota são um canudo de papel, uma toga usada quando de embates nos vistosos salões de audiência do Judiciário e um blá blá blá inspirado na Carochinha, no Saci Pererê, no Coelhinho da Páscoa e no Papai Noel. Ou, em outras palavras, histórias para boi dormir.

A matéria do Estadão ilustra a expansão significativa da influência desse grupo na gestão Lula 3 e nas mais altas instâncias do STF, STJ e TSE. As fantasias desses pierrôs foram confeccionadas para disputar o lado da verdade quando a Lava Jato estava jorrando água suja para todos os lados. Depois articulou-se como uma organização de instrumento jurídico da esquerda festiva.

Afagos daqui e dali, os carnavalescos tiveram muitos dos seus representantes nomeados para cargos estratégicos no Executivo, em Tribunais Superiores e em outros órgãos federais, mostrando a crescente influência do grupo nas decisões políticas e jurídicas do país. Como Notibras não é nenhum Golias, apesar de toda a sua força jornalística, e não usa pedras como Davi, mas apenas palavras, a opção, para evitar novas perseguições, foi transformar em ocultos os sujeitos citados em outras reportagens.

Mas é válido registrar que a proximidade do grupo com Lula, tem sido um fator crucial para essa expansão. Isso apesar de não ter algumas de suas aspirações concretizadas, como uma cadeira para o pierrô-mor na Esplanada dos Ministérios. Contudo, sua influência e articulação no cenário político-legislativo-judiciário, são incontestáveis.

A matéria do Estadão permitiu a Notibras produzir uma suíte (algo parecido como apresentação de mais detalhes), descerrando a cortina do palco para mostrar fatos até então restritos aos nossos arquivos secretos. Sabemos, por exemplo, que esses feitores de terracota que se acreditam acima das prerrogativas da categoria que representam, estão blefando com Lula como pistoleiros que jogam pôquer nas versões de Hollywood sobre faroeste. O tiroteio, aliás, é do tipo fogo amigo. E como os que esculpiram os soldados para o imperador chinês, poderão morrer na fogueira da vaidade.

A título de ilustração, pode-se afirmar que carvalhos quando tentam atingir o Céu, caem como uma árvore qualquer. E viram alimentos para germes como cocô do cavalo do bandido. Uma rápida busca nas pastas reservadas de nossos Notebooks, atesta que o toma-lá-dá-cá persiste com muita falta de vergonha. A diferença está no modus operandis. Quando quer chegar lá, o grupo pierrô pede ajuda ao Quarto Poder e acena com promessas. Dá-se o que se pede. Cadeiras vagas são ocupadas na Praça dos Tribunais Superiores, e grandes corporações financeiras transformam migalhas em ouro. Coincidência ou não, simultaneamente.

O desfile do Grupo dos Pierrôs continua, desenhado em outro cenário. Com a velocidade de um Sedex 10, os homens de terracota pedem ajuda para emplacar o chefe dos carteiros. O indicado, descendente de plantadores de feijão quando Roma era um império chefiado por Marco Aurélio, chega onde deseja. Contudo, surge um problema: ele tem fobia por ambientes fechados (ironia do destino, foi trabalhar com cartas marcadas, previamente registradas) e decidiu recorrer a uma prerrogativa a que não tem direito e optou por passar mais tempo na Paulicéia, arriscando, assim, que as encomendas não cheguem a seus destinos.

O carvalho dessa crônica floresce com cerca de 250 galhos. Sua folha predileta tem olhos e ouvidos na cozinha do Alvorada, em Brasília, onde degusta sobremesas e participa de chás da tarde, ocasiões em que apresenta indicações para cargos que (Vão pra Caixa, eles também…) devem ser soprados ao ouvido nas noites de alcova. Por essas e outras, comenta-se que se o dono da caneta não segurar os impulsos, vai acabar se afogando nas águas do espelho d’água do seu palácio, mesmo que mais rasas que as do Rubicão. A tempestade é perfeita. Quando o temporal desabar com raios e trovões, será tarde demais para descobrir que na tribo Chewa, a crença é a de que a vida é frágil. Menos quando as crianças crescem e mostram suas garras.

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