O 16 de Setembro já passou, mas se repete todos os anos. A data, que lembra o Dia Mundial da Trombose, serve para alertar para a doença, caracterizada pela obstrução de veias com a formação de coágulos de sangue. Muito associada ao uso de anticoncepcional, a condição tem outros fatores de risco, como tabagismo, obesidade e diabete.
Ficar sentado ou deitado por muito tempo na mesma posição (por exemplo: quando pacientes ficam longo período internados e não conseguem se movimentar) também pode contribuir para a criação de coágulos nas veias ou artérias.
A hematologista Suely Resende diz que qualquer mulher que tem histórico de trombose na família deve evitar o uso de anticoncepcional. O motivo é que a condição tem componente genético e os hormônios contidos na pílula, principalmente o estrogênio, diminuem a ação anticoagulante no corpo.
Na chamada trombofilia hereditária, ocorrem mutações nos genes de proteínas da coagulação, ou seja, há deficiência de anticoagulantes naturais. Esses casos, porém, são raros e atingem de 30% a 40% das pessoas, enquanto a doença por fatores adquiridos (citados anteriormente) é mais comum e afeta de 50% a 60%.
Atualmente o alerta é para que as pessoas adotem medidas preventivas e fiquem atentas aos sintomas, que nem sempre aparecem.
Existem dois tipos de trombose, a aguda e a crônica. A primeira é resolvida naturalmente na maioria das vezes. O próprio corpo adota mecanismos para dissolver os coágulos que estão entupindo as veias. Dessa forma, não há sequelas nem agravamentos.
No caso da trombose crônica, há sequelas no interior das veias durante o processo natural de dissolução do coágulo. Isso altera a estrutura das válvulas e o retorno do sangue fica prejudicado. As consequências são inchaço, varizes, escurecimento e endurecimento da pele, além de feridas e outras complicações.
Se não diagnosticada ou tratada corretamente, a trombose pode levar à embolia pulmonar, que é quando o coágulo se desloca até o pulmão, o que pode ser fatal. Com base nos fatores de risco, as orientações para evitar a trombose são praticar atividades físicas regularmente, não fumar e manter o peso adequado. Em longas viagens ou se passar muito tempo sentado, aconselha-se usar sapatos e roupas confortáveis, tentar se movimentar com frequência e usar meias de compressão.
Veja cinco fatos sobre a trombose:
A trombose pode ser uma doença silenciosa, ou seja, assintomática. Muitas vezes, o primeiro sintoma é a própria complicação: a embolia pulmonar. Porém, de maneira geral, os sintomas são dores e aumento do volume do membro acometido (geralmente pernas e coxas), além de inchaço e endurecimento da musculatura.
Geralmente, o paciente que apresenta trombofilia, condição que predispõe à trombose, não precisa ser medicado durante toda a vida. Porém, ele deve tomar algumas precauções. “Se já tiver apresentado um quadro de trombose venosa profunda, e dependendo da trombofilia, é indicado somente tratamento por tempo clássico. Em alguns poucos casos, há a indicação de tratamento com anticoagulantes por toda a vida”, afirma o médico.
Nem toda mulher que usa a pílula vai ter trombose, mas é importante ficar atenta. “Porém, não há justificativa para pesquisa de trombofilia em toda mulher que vai fazer uso de terapia hormonal. O mais importante é avaliar se há histórico familiar ou pessoal de trombose venosa profunda antes da prescrição”, afirma o cirurgião vascular.
A gravidez aumenta o risco para a doença. A incidência está mais elevada no puerpério, mas isso não significa que todas as gestantes terão trombose. A proporção de tromboembolismo venoso (TEV) durante a gestação é de 12,3 para cada dez mil gestações. “Um angiologista ou cirurgião vascular saberá identificar esse risco e informar se alguma medida deve ser tomada”, afirma o médico.
O tratamento é feito por meio da anticoagulação, porém Matielo afirma que as medicações não vão dissolver o coágulo. “Vão impedir que novos coágulos sejam formados. Quem vai fazer a quebra e absorção do coágulo são os fatores presentes no organismo do paciente”, explica.
Em casos bem selecionados, nos quais não seja viável realizar a anticoagulação, pode ser utilizado implante de filtro de veia cava, para evitar somente a embolia pulmonar. Também, dependendo do caso, pode se optar pela realização de cirurgia para desobstrução da veia através da técnica minimamente invasiva ou da cirurgia convencional.