A recente vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas reacende o debate sobre uma possível Nova Ordem Mundial. O retorno de Trump à Casa Branca, após sua derrota para Joe Biden em 2020, ocorre em um momento de profundas transformações globais. Suas políticas, voltadas para o protecionismo nacional e a rivalidade econômica com a China, prometem mudar a dinâmica geopolítica.
Historicamente, o conceito de Nova Ordem Mundial surge em períodos de grandes transições. Após a Primeira Guerra Mundial (1919), a criação da Liga das Nações buscava um equilíbrio global, mas a ascensão de regimes autoritários na Europa expôs suas limitações.
No pós-Segunda Guerra Mundial (1945), a bipolaridade entre EUA e URSS definiu a ordem global, com instituições como a ONU e o FMI. Com o fim da Guerra Fria (1991), os EUA assumiram uma posição hegemônica, inaugurando uma era de unipolaridade e globalização.
Agora, o mundo observa: será que a nova administração Trump marcará o início de outra reconfiguração global?
Trump 2.0, catalisador de mudanças
Trump retorna com um discurso mais incisivo. Em seu primeiro mandato (2017-2021), já havia tomado medidas protecionistas, como a saída do Acordo de Paris e a renegociação de tratados comerciais. No entanto, seu novo mandato promete um aprofundamento dessas políticas.
Trump reafirma sua visão de que os EUA devem reduzir sua dependência de acordos multilaterais. A retórica “America First” pode enfraquecer organizações como a OTAN e a OMC, dando espaço para novas lideranças globais.
China e Brasil
O confronto com a China promete ser mais agressivo. Tarifas punitivas e sanções tecnológicas são esperadas, fragmentando o mercado global e forçando países a se posicionarem entre os dois gigantes econômicos.
Para o Brasil, a presidência de Trump pode trazer desafios inéditos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que durante a campanha americana declarou preferência à democrata Kamala Harris, pode enfrentar dificuldades no relacionamento com a nova administração americana.
Trump é conhecido por sua intolerância a governos que não se alinham aos interesses dos EUA. O Brasil pode ser alvo de retaliações, especialmente em setores sensíveis, como o comércio agrícola.
Oportunidades e riscos
Por outro lado, a guerra comercial com a China pode beneficiar exportadores brasileiros, que teriam mais espaço no mercado americano. Contudo, a pressão sobre questões ambientais e climáticas pode ser reduzida, enfraquecendo o foco internacional em políticas de sustentabilidade no Brasil.
Assim como após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, ou mesmo após o fim da Guerra Fria, a volta de Trump pode representar o início de uma nova era. A crescente polarização, o declínio das instituições multilaterais e o confronto entre potências são indícios de que o mundo caminha para uma reconfiguração.
O retorno de Donald Trump não é apenas um evento político interno dos EUA, mas sim um sinal de que mudanças profundas podem ocorrer na ordem global. Para o Brasil, é crucial adotar uma política externa pragmática, capaz de equilibrar interesses e manter relevância no cenário internacional.
As próximas décadas serão definidas pela capacidade dos líderes mundiais de se adaptarem a esse novo cenário, onde o poder estará em constante disputa.