O governo dos Estados Unidos está considerando restringir a negociação de dívida da Venezuela como forma de punição ao presidente Nicolás Maduro por atos contra a democracia no país, de acordo fontes próximas ao assunto.
O movimento, que não tem precedentes, poderia proibir temporariamente as instituições financeiras regulamentadas pelos EUA de comprar ou vender títulos emitidos em dólar pelo governo da Venezuela e pela estatal Petróleos de Venezuela SA (PdVSA), de acordo com uma fonte.
Outra fonte à par do assunto afirmou que a decisão final sobre a medida dependeria do presidente americano, Donald Trump. Uma opção que está sendo considerada é a de proibir a negociação em apenas algumas emissões da companhia estatal de petróleo para limitar seu acesso a fundos externos, disse uma terceira fonte.
A proibição seria o primeiro passo contra o sistema financeiro venezuelano desde que Trump prometeu “ações econômicas fortes e rápidas” contra Maduro por instalar no começo do mês um parlamento paralelo no país.
Até o momento, as sanções dos Estados Unidos atingiram dezenas de oficiais venezuelanos, proibindo-os de viajar para os EUA e congelando quaisquer bens no país por supostos abusos de direitos humanos e corrupção.
Na quarta-feira, o vice-presidente Michael Pence deve falar com estrangeiros venezuelanos residentes em Miami.
A proibição é designada para atingir o apoio de Maduro entre oficiais militares e empresas que possuem vínculos com a Venezuela, sem prejudicar imediatamente a população em geral, disse uma das fontes da reportagem.
O governo Maduro continua remunerando os títulos, apesar de sofrer a recessão mais profunda do mundo, recompensando os investidores tolerantes ao risco com os maiores rendimentos do mundo. Grandes gestores de fundos dos EUA dependem da dívida venezuelana em um momento em que a maioria dos países ricos oferece taxas de juros negativas. O governo venezuelano tem cerca de US$ 65 bilhões em dívida.
Maduro priorizou os pagamentos da dívida internacional a todo custo, mesmo quando o país afundou em uma crise econômica e seu governo reduziu as importações de alimentos e remédios.
A negociação de títulos venezuelanos atraiu protestos no início deste ano, depois que o Goldman Sachs Group comprou US$ 2,8 bilhões em ações da estatal petrolífera. A oposição venezuelana acusou o banco de investimento de financiar a repressão de Maduro contra manifestantes pacíficos.
No início deste mês, o Credit Suisse Group, concorrente do Goldman Sachs, anunciou que proibiu seus agentes de comprar e vender determinados títulos venezuelanos devido ao risco de os negócios financiarem abusos de direitos humanos.