O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu na sexta-feira (27) na Casa Branca a chanceler alemã, Angela Merkel, para um encontro focado em temas muito sensíveis, como as tensões comerciais, a Otan e o futuro do acordo nuclear assinado com o Irã em 2015.
Trump saudou Merkel como “uma mulher extraordinária” e disse que os dois governos estão “trabalhando em diferentes assuntos, incluindo comércio, incluindo a Otan e questões militares”.
A chanceler havia feito uma visita a Trump em março de 2017, mas as evidentes diferenças de estilo entre os dois e a clara frieza no tratamento pessoal não despertaram muitas ilusões sobre a relação bilateral.
A dirigente alemã desembarcou na quinta-feira em Washington e durante a noite foi vista discretamente com alguns auxiliares comendo um hambúrguer em um restaurante, distante de todo o protocolo.
Comércio na agenda – Para além das diferenças de estilo entre o explosivo Trump e a discreta Merkel, a agenda que os dois devem cumprir inclui pelo menos dois temas de extrema sensibilidade.
O primeiro se refere às crescentes tensões comerciais entre Washington e Berlim.
Em março, o governo americano impôs pesadas tarifas à importação de aço e alumínio, mas adotou uma isenção temporária aos países da União Europeia.
Como fez a França durante a visita de Emmanuel Macron, esta semana Merkel tenta convencer Trump da conveniência de que essa isenção não seja somente temporária, mas permanente.
Na quinta-feira, um funcionário de alto escalão do governo alemão revelou que Berlim não tem ilusões sobre a isenção tributária, e que as tarifas alfandegárias estarão vigentes a partir da próxima terça-feira, 1º de maio.
O principal assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, por sua vez, disse na quinta que Washington poderia manter a isenção de taxas aos países da UE caso o bloco aceitasse fazer concessões, e mencionou em particular o mercado automotivo.
Irã e Otan – O segundo ponto crítico da agenda é o acordo assinado por Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia com o Irã para acabar com seu programa nuclear.
Trump demonstra sua inclinação a deixar esse acordo, um passo que os demais países signatários criticaram com mais ou menos intensidade.
Em uma coletiva de imprensa conjunta com Donald Trump na Casa Branca, Merkel afirmou que o acordo foi “um primeiro passo” para desacelerar e verificar o programa nuclear iraniano, “mas também consideramos, a partir da perspectiva da Alemanha, que não é suficiente”.
Esta semana, Trump e Macron falaram de um “novo” acordo com o Irã para complementar o pacto assinado em 2015, ideia que Rússia e Irã afastaram prontamente.
Nesta sexta-feira, em Bruxelas, o secretário de Estado, Mike Pompeo, deixou dúvidas sobre a continuidade dos Estados Unidos no acordo com o Irã.
Trump tem até 12 de maio para informar ao Congresso americano se acredita que o Irã cumpre ou não com o acordo, decisão da qual dependerá a permanência de Washington nesse entendimento multilateral.
Outro tema que pode aparecer na agenda da visita de Merkel é a questão da contribuição alemã à Otan, já que Trump criticou que os países europeus não cumprem com sua responsabilidade financeira com essa aliança militar.
Na mesma reunião em Bruxelas, Pompeo disse ser “essencial” que os integrantes da Otan cumpram com seus compromissos relativos aos gastos de Defesa.
Ao ser questionado sobre a Alemanha fazer o suficiente com relação aos compromissos financeiros na Otan, Pompeo foi direto: “Não. Deveriam alcançar os objetivos que acordaram”, respondeu.