O virtual candidato republicano para as eleições de novembro nos Estado Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo que poderia ganhar a presidência sem o apoio de seu partido se for necessário, perante os relatórios sobre uma campanha interna para derrubá-lo na convenção que será realizada no próximo mês.
“Seria muito bom se os republicanos se mantivessem unidos”, disse Trump em entrevista à emissora “NBC News”, mas lembrou que ele é “um candidato diferente” dos que tradicionalmente representaram esse partido.
“Acredito que posso ganhar de qualquer forma. Posso ganhar de uma forma ou de outra. Ganhei as primárias sem eles”, acrescentou ao ser perguntado sobre a possibilidade de perder o apoio do núcleo do partido.
O jornal “The Washington Post” informou na sexta-feira que “dúzias” de republicanos contrários a Trump estão traçando um plano para evitar que ele se torne o candidato do partido na convenção que será realizada dentro de um mês na cidade de Cleveland, em Ohio, mediante mudanças nas regras que regem a reunião do partido.
No sábado (18) Trump qualificou de “ilegal” esse plano, e sugeriu que se tratava de uma informação “falsa” e “inventada pela imprensa”.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, garantiu em entrevista também exibida pela “NBC News” neste domingo que ele continua apoiando Trump, mas disse que não pode forçar os outros membros de seu partido a fazer o mesmo.
“Ele ganhou as eleições (primárias). Os eleitores o elegeram. Isso é o que decidiram e não é algo que eu possa controlar. Mas a última coisa que eu faria é dizer para alguém fazer algo que é contrário a sua consciência. Entendo que esta é uma situação muito estranha. Este é um candidato fora do comum”, sustentou Ryan, que ocupa o terceiro cargo político mais importante dos Estados Unidos.
Depois do ataque de 12 de junho à boate gay de Orlando, que deixou 50 mortos – incluído o autor do massacre – e 53 feridos, Ryan criticou a fala de Trump sobre proibir temporariamente a entrada de muçulmanos no país, e em outras ocasiões também tomou distância das opiniões do magnata.
“Se faz ou diz algo com o que eu não concordo, que eu acredito que deixa uma sombra ruim sobre o conservadorismo, vou denunciá-lo como já fiz”, afirmou Ryan.
“Mas imagina se o presidente da Câmara dos Representantes não apoia o indicado devidamente eleito em nosso partido, criando um racha em nosso grupo”, ressaltou.
Embora seja o presidente da convenção republicana, Ryan insistiu que não é seu “trabalho dizer aos delegados o que têm ou não têm que fazer”, como a possibilidade de que alguns deles possam votar contra Trump se baseando em sua “consciência”.
“Eles (os delegados) escrevem as regras. Eles tomam suas decisões”, enfatizou.