O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-dama, Melania, visitaram na sexta-feira (16) um hospital da Flórida, em Pompano Beach, onde estão internados sobreviventes de mais um tiroteio em uma escola americana, depois que o FBI admitiu falhas ao investigar o adolescente autor do tiroteio que deixou 17 mortos.
O casal se dirigiu para o Hospital Broward Health North, onde, segundo um funcionário da Casa Branca, foi agradecer ao pessoal médico “por sua ajuda para salvar vidas”, após o massacre executado na quarta-feira por um jovem de 19 anos na escola de Ensino Médio de Parkland, ao norte de Miami.
“Muito triste que algo assim tenha acontecido”, disse Trump no hospital, ao agradecer pelo “incrível” trabalho de médicos, enfermeiros e socorristas.
Depois, presidente e primeira-dama seguiram para uma delegacia local, onde se reuniram com o governador da Flórida, Rick Scott, com o senador Marco Rubio, com o delegado Scott Israel e com outros agentes de segurança.
Trump contou ao grupo que se reuniu com uma sobrevivente, que levou quatro tiros, incluindo um no pulmão, e afirmou que a rápida resposta das equipes de emergência salvaram-lhe a vida.
“Dê-lhes um aumento”, disse.
No encontro à noite no gabinete do delegado, o senador Rubio declarou que “esta é uma comunidade e um estado que estão em uma dor profunda e querem ações para garantir que isso não volte a acontecer”.
O presidente respondeu: “Pode contar com isso”.
Trump viajou para a Flórida para passar o fim de semana prolongado pelo feriado do Dia dos Presidentes, na segunda-feira, em seu complexo de Mar-a-Lago.
FBI admite falhas – Mais cedo, o FBI (a Polícia Federal americana) admitiu ter recebido em janeiro um alerta sobre Nikolas Cruz, o jovem de 19 anos responsável pelo massacre, mas falhou em seguir os protocolos de investigação.
Esses procedimentos “não foram seguidos para a informação recebida (por um escritório do FBI) em 5 de janeiro. A informação não foi dada ao escritório de Miami, e nenhuma investigação foi conduzida naquele momento”, apontou a entidade em nota oficial.
De acordo com o FBI, em 5 de janeiro uma “pessoa próxima” a Cruz se comunicou por telefone e deu informações sobre “sua posse de armas, seu desejo de matar pessoas, comportamento errático e comentários em redes sociais, assim como o potencial para atacar uma escola”.
Se essa informação tivesse sido transmitida aos agentes do FBI em Miami, eles teriam adotado os “passos apropriados de investigação”, apontou a nota.
Tal informação “devia ser considerada como uma possível ameaça à vida”.
Em nota, o diretor do FBI, Christopher Wray, indicou que a agência ainda está “investigando os fatos” e comprometeu seu empenho em “revisar nossos procedimentos para responder a informações que recebemos do público”.
“Os americanos devem estar vigilantes e, quando membros do público nos contactam com suas preocupações, devemos agir de forma adequada e rápida”, continuou Wray.
Essa não foi a única pista ignorada pelo FBI em relação a Cruz.
Um homem do Mississippi disse na quinta-feira (15) que entrou em contato com o FBI em setembro, depois de ver, em seu canal no YouTube, que o usuário “nikolas cruz” tinha publicado uma mensagem anunciando: “Vou ser um atirador escolar profissional”.
O FBI disse ter feito “revisões de bases de dados e outros controles”, mas não conseguiu identificar a pessoa que publicou a mensagem.
Em um comunicado, o procurador-geral americano, Jeff Sessions, apontou que “fica claro que os sinais de alerta existiram e o FBI não os percebeu. Vemos as consequências trágicas dessa falha”.
O governador Rick Scott considerou “inaceitáveis” as falhas do FBI e disse que Wray deve renunciar.
“Promovemos constantemente que, se alguém vir algo, diga, e uma pessoa corajosa o fez. E o FBI não agiu. (…) O diretor do FBI deve renunciar”, defendeu.
Cruz também era conhecido da Polícia local.
Sua mãe “reiteradamente ligou para a Polícia, de casa, para que ajudasse a lidar com os ataques violentos, ameaças e comportamento autodestrutivo” do rapaz ao longo dos anos, noticiou a rede CNN.
Os boletins policiais relacionados com Cruz são de setembro de 2016, e um deles indica que “ele mencionou, no passado, que gostaria de adquirir uma arma”, indicou a emissora.
O “massacre do Dia de São Valentim”, como foi batizado, gerou um novo clamor pelo controle de armas no país, que deixam cerca de 33 mil mortes ao ano.
Expulso por “motivos disciplinares” da escola que atacou, Cruz usou um fuzil AR-15 comprado legalmente.
Versão civil do M16, o AR-15 já foi usado nos tiroteios em massa de Las Vegas, Sutherland Springs, Texas e Newtown, em Connecticut. Um fuzil novo custa cerca de US$ 600 nos EUA.