Tô fora
Tucanos condenam movimento pró-FHC na sucessão
Publicado
emValmar Hupsel Filho e Pedro Venceslau
No momento em que cresce o acirramento entre grupos do PSDB tendo como pano de fundo a disputa eleitoral de 2018, a defesa de um aliado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por sua volta ao cargo gerou críticas nas diferentes alas do partido.
Em artigo publicado nesta quinta-feira, 3, no jornal Folha de S.Paulo, o ex-deputado Xico Graziano defendeu o nome de FHC para um “mandato-tampão” no caso de cassação da chapa de Dilma Rousseff e de Michel Temer, eleita em 2014, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Chefe do gabinete pessoal do tucano quando ele foi presidente, Graziano também criou uma página no Facebook e um site chamados “FHC Presidente”.
“Pode ser que a Justiça acelere o processo político e casse a chapa Dilma-Temer. Nesse caso, o Congresso elegeria um presidente-tampão. Seria Fernando Henrique, com certeza. Ele prepararia o caminho rumo ao porvir. Michel Temer, porém, poderá seguir até 2018. Aí, a decisão será popular”, afirmou Graziano no artigo.
O movimento recebeu fortes críticas dentro do partido. Parlamentares e dirigentes tucanos avaliaram a atitude de Graziano como inoportuna e extemporânea. “É um assunto que veio em um mau momento, quando o partido está tentando buscar acordos internos, e ele vem com uma proposta que está fora do centro. Ninguém está discutindo os méritos de Fernando Henrique, mas ele mesmo desmentiu em nota. Acho que morreu aí”, avaliou o secretário-geral do PSDB, Silvio Torres.
Nos bastidores, nomes ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao chancelar José Serra qualificaram a atitude como “maluquice” e viram a atitude como isolada.
A ação que pede a cassação da chapa foi proposta pelo PSDB e a previsão é de que seja julgada no ano que vem.
Após a publicação do artigo, FHC divulgou nota afirmando que jamais cogitou se candidatar novamente ao cargo. “A propósito de comentários sobre uma eventual candidatura à Presidência esclareço, do exterior, onde me encontro, que jamais cogitei dessa hipótese nem ninguém me consultou sobre o tema. Minha posição é conhecida: nas circunstâncias, o melhor para o Brasil é que o atual governo leve avante as reformas necessárias e que em 2018 possamos escolher líderes à altura dos desafios do País. Precisamos superar a crise financeira para criar empregos e para que o povo viva em uma sociedade próspera e decente.”
Na avaliação do cientista político Carlos Melo, a iniciativa pareceu estranha, pois, além de o próprio FHC ter negado, a defesa do nome do ex-presidente para um mandato-tampão implica uma espécie de movimento “Fora, Temer”.
“O que me parece é que ele foi mais realista que o rei”, disse. Na avaliação de Melo, seria uma “descortesia” do ex-presidente apoiar um gesto como este 15 dias depois de ter encontrado Temer em Brasília.