Carla Araújo e Tânia Monteiro
O senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), disse, após reunião com o presidente Michel Temer e com a bancada do partido no Senado, que o PSDB “tem o compromisso histórico” com as reformas que o governo quer implementar, e que o Senado deve fazer “modificações pontuais” no texto da reforma trabalhista, mas evitou cravar que essas alterações serão feitas via Medida Provisória.
“A questão essencial é qual MP? Quais são esses pontos? O que o PSDB não abre mão é de compartilhar tanto os avanços que estão implícitos no texto da reforma quanto as eventuais flexibilizações”, disse. Segundo ele, o partido não quer fazer aquilo que condena, que é “antecipar modificações como se elas fossem frutos da vontade de apenas um partido da aliança”. “O que nós fizemos hoje foi um bom freio de arrumação”, disse.
Aécio afirmou que a bancada do PSDB atendeu a um convite do presidente Michel Temer para tratar da reforma trabalhista, que os parlamentares conversaram um pouco também sobre a reforma da previdência e que o sentimento da reunião é que “eventuais flexibilizações tem que ser compartilhadas com a base”.
Aécio disse ainda que o partido já havia defendido algumas mudanças que foram incorporadas ao relatório do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) e que agora caberá ao relator da reforma trabalhista nas Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE), senador Ricardo Ferraço, construir o relatório “em conjunto com o governo”.
O presidente do PSDB destacou que, apesar da possibilidade de algumas questões “pontuais” serem modificadas no Senado, como a insalubridade para gestantes e lactantes, o PSDB “participa de esforço pela aprovação da reforma como está para que ela não retorne à Câmara”.
Participaram da reunião, de acordo com a lista divulgada pelo Planalto, os senadores tucanos: Aécio Neves (MG), Ataides Oliveira (RO), Cassio Cunha Lima (PB), Dalirio Beber (SC), Eduardo Amorim (SE), Paulo Bauer (SC), Ricardo Ferraço (ES), Tasso Jereissati (CE), Flexa Ribeiro (PA), José Aníbal (SP). O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também estavam no encontro, que durou cerca de uma hora.
Esforço – Na semana passada, para evitar atos de “rebeldia” na bancada do PMDB no Senado, Temer se comprometeu com peemedebistas a editar uma MP para acolher sugestões “consensuais”, desde que os senadores aprovem o texto que veio da Câmara sem modificações. Alguns parlamentares, entretanto, avaliam que aceitar o acordo fragilizaria a imagem do Senado perante a sociedade, que se eximiria da responsabilidade de ser uma Casa revisora.