Bicos afiados
Tucanos vão ficar com Temer até hora de roer os ossos
Publicado
emIsadora Peron
Marta Nobre, Edição
Uma expressão cunhada por velhas raposas políticas continua em voga em Brasília: ou você participa da cachorrada, ou fica sem os ossos. Essa máxima, do vocabulário do ex-vice-presidente Marco Maciel, faz parte do pé de ouvido de hoje. E tem sido adotada pelo PSDB.
A disposição de os tucanos ficarem no governo até roer os ossos ficou clara neste domingo, 4, quando os ministros da legenda foram ao Palácio do Jaburu para garantir a Michel Temer que o PSDB, ao menos por ora, vai continuar na base aliada.
Essa decisão dá uma sobrevida a Temer, que enfrenta nesta semana o início do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode levar à cassação do seu mandato. A decisão dos tucanos é vista como um referencial para os demais partidos da base, que poderiam acompanhar uma debandada em curso.
Participaram do encontro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), que chegou a ameaçar entregar o cargo no dia em que a delação dos empresários do grupo J&F veio a público.
Segundo um dos ministros, a reunião da Executiva do partido vai ser na quinta-feira, mas terá como objetivo fazer uma “análise de conjuntura” e não decidir se o PSDB vai deixar o governo.
Na semana passada, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), havia anunciado que a cúpula da legenda iria se reunir na terça-feira para definir uma posição em relação ao governo. O encontro aconteceria no mesmo dia em que TSE daria início ao julgamento da chapa Dilma Rousseff-Temer.
Desde a abertura do inquérito para investigar Temer, a ala mais jovem do PSDB vem pressionando o partido a deixar a base. Na Câmara, a bancada, com 46 deputados, está rachada. Uma eventual saída do partido da base, no entanto, depende do aval da Executiva.