Membros do Comitê Popular da Copa anunciaram em entrevista coletiva, que realizarão um novo ato nesta sexta-feira (30), em Brasília, para dar continuidade à manifestação interrompida na quarta 27. A manifestação de está marcada para as 17h, em frente ao Museu da República, na área central da capital.
O comitê reiterou durante a entrevista que o tumulto de terça-feira foi iniciado pela Polícia Militar (PM). “O tenente coronel Moreno, indicado como comandante da operação, conhecia nosso trajeto. Nossas intenções eram pacíficas, não tínhamos o menor interesse de enfrentamento com o governo. A violência partiu do Estado e o resultado foi esse: pessoas machucadas”, disse Thiago Ávila, membro do comitê.
Outro integrante do grupo, Rodolfo Mohr, explicou que o movimento tem se esforçado para orientar os participantes dos atos a não incitar a violência. “Nossos objetivos estão sendo organizados em plenárias em todo o Distrito Federal (DF). Discutimos o melhor caminho para atingir esses objetivos e muitos atos são pacíficos. Esse é um trabalho de conscientização difícil de ser feito. Nós não vamos a passeatas pedindo bomba e spray”.
Além do comitê, representantes de mais dois movimentos que participaram da manifestação, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e indígenas, conversaram com os jornalistas e mostraram as marcas do dia anterior. “Em momento nenhum fomos nós que procuramos o confronto. Nosso objetivo era a caminhada pacífica, não somos vândalos”, explicou o índio Cretan, da etnia Kaingangue. Os índios reivindicam a demarcação de terras em várias regiões do Brasil.
Enquanto um lado se queixa da truculência da polícia e do descumprimento do combinado, do outro, a PM rebate, dizendo o contrário. Após a confusão, o coronel Jaílson, comandante da operação, disse que o acordo foi descumprido primeiro pelos manifestantes, que atiraram pedras e flechas. “Um policial nosso foi atingido por uma flechada e outros por pedradas, foi isso de desencadeou o problema”, disse.
O cacique Marcos, índio xucuru, disse não saber quem disparou a flecha que acertou o policial, mas, ainda assim, tentou explicar o ocorrido. “Não sei quem atirou a flecha, em que situação aconteceu. Mas temos muitos indígenas que sequer falam português. Imaginam eles se sentindo ameaçados pelo Estado? Eles reagem em legítima defesa”. Ele explicou ainda que a presença de arcos, flechas e burdunas na manifestação faz parte da cultura indígena durante suas danças e que portarem esses objetos não constitui uma ameaça contra a polícia.
Edson da Silva, do MTST, reiterou a presença do movimento nos protestos. “Vamos estar na rua de novo. Não é com bomba que vão parar as manifestações, é com diálogo e com respeito”.
Em evento realizado pela manhã o governador do DF, Agnelo Queiroz, repetiu o discurso da polícia e condenou manifestações violentas. “Brasília é uma cidade acostumada a manifestações o ano inteiro, manifestações pacíficas. Não vamos aceitar manifestações violentas, não vamos permitir.”