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Sofrimento aos moradores

Turquia amplia ofensiva na Síria e civis pagam pato

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Autor/Imagem:
Pedro Nascimento, Edição

Os bombardeios aéreos foram intensificados nesta segunda (29) na fronteira entre a Turquia e o território curdo de Afrin, no norte da Síria, onde os civis estão pagando um preço alto por uma ofensiva que o presidente turco está decidido a continuar.

Desde 20 de janeiro, a Turquia realiza uma ofensiva na região de Afrin contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), considerada “terrorista” por Ancara, mas uma aliada importante de Washington na luta contra os jihadistas.

Em reação à operação, as autoridades semiautônomas curdas anunciaram que não participarão das negociações sobre o conflito sírio organizadas na terça-feira pela Rússia no balneário de Sochi.

Nesta segunda-feira, “os bombardeios sírios se intensificaram, com disparos contínuos de artilharia” no norte e oeste da região de Affrin, próxima da fronteira com a Turquia, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

De acordo com o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman, as forças turcas e os rebeldes sírios aliados assumiram o controle de oito localidades ao longo da fronteira desde o início da operação.

Ao menos 14 pessoas, incluindo cinco crianças, morreram no domingo (28) nos bombardeios aéreos turcos que atingiram a região. De acordo com o OSDH, 55 civis morreram desde o início da ofensiva.

Apesar dos bombardeios, as ruas da cidade de Afrin permanecem relativamente a salvo dos combates. Farmácias, lojas de roupa e outros estabelecimentos permaneciam abertos e os moradores pareciam seguir com suas rotinas.

‘Fim doloroso’ – A intervenção turca em Afrin, que era especulada há vários meses, se concretizou de modo precipitado pelo anúncio de uma “força fronteiriça” que incluiu as YPG, estimulada pela coalizão internacional antijihadista liderada por Washington.

Ancara nunca aceitou a autonomia de fato estabelecida pelos curdos no norte e nordeste da Síria em meio ao conflito que devasta o país desde 2011. O governo turco tem que sua própria comunidade curda tenha a mesma aspiração.

Apesar da tensão crescente entre Turquia e Estados Unidos, aliados na Otan, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse estar decidido a prosseguir com a ofensiva e inclusive ampliá-la para o leste, em particular até Manbij, para onde Washington enviou militares.

“Os terroristas não poderão evitar o fim doloroso que os aguarda, nem em Afrin nem em Manbij”, declarou Erdogan. No sábado, durante um discurso, ele deixou claro seu empenho: “Não importa o nome da organização terrorista, seja Daesh (acrônimo em árabe do EI), PKK ou YPG. Com a ajuda de Deus, vamos esmagá-los como um rolo compressor”.

Ancara ignora os pedidos de Washington pelo fim da operação e afirmou que americanos devem retirar os militares posicionados em Manbij. Em um artigo publicado no jornal The New York Times, o chanceler turco, Mevlüt Cavusoglu, acusou o governo americano de “armar uma organização terrorista que ataca” a Turquia, em referência às YPG.

Desde 20 de janeiro, os combates provocaram a morte de sete soldados turcos, de acordo com Ancara, enquanto 76 rebeldes pró-Turquia e 78 combatentes curdos morreram nos confrontos, de acordo com o OSDH.
Vários países, como Alemanha e França, manifestaram preocupação com a intervenção turca, o que complica ainda mais a situação na Síria, onde a guerra deixou mais de 340.000 mortos desde 2011.

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