O porta-voz do Kremlin – sede do governo russo -, Dmitry Peskov, pediu ao mundo inteiro que tome nota do apelo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para um ataque nuclear preventivo contra a Rússia.
Peskov disse que as declarações de Zelensky sobre “ataques nucleares preventivos” contra a Rússia não podem ser ignoradas pela comunidade internacional, já que são nada menos que um chamado para iniciar uma Guerra Mundial, que terá repercussões catastróficas.
O porta-voz do Kremlin enfatizou que os Estados Unidos e o Reino Unido, que “de fato administram Kiev”, devem assumir a responsabilidade pelas declarações de Zelensky.
“Esses são os países [os EUA e o Reino Unido] que de fato dirigem [Kiev], administram [suas] atividades e falam sobre [suas] intenções de defender [a Ucrânia] até o fim. Portanto, eles são responsáveis e devem ser responsabilizado pelas ações e declarações dessa pessoa e por esse regime”, disse Peskov.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por sua vez, alertou que o Ocidente está fomentando uma guerra nuclear, enquanto um Zelensky “instável” se transformou em um “monstro”.
“Cada pessoa neste planeta deveria perceber que Zelensky, um fantoche e um personagem instável que foi bombardeado com armas, se transformou em um monstro, que poderia ser usado para destruir o planeta”, escreveu Zakharova em seu canal Telegram.
Reagindo às observações do presidente ucraniano, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev pediu uma “craniotomia preventiva” no presidente da Ucrânia:
“Zelensky anunciou a necessidade de ataques nucleares preventivos à Rússia. Os psiquiatras deveriam realizar uma craniotomia preventiva nese idiota antes que ele cause mais problemas para seu povo e todos os outros”, escreveu o chefe do Conselho de Segurança russo no Telegram.
Falando no Lowy Institute da Austrália via vídeo, Zelensky instou a Otan a lançar “ataques preventivos” contra a Rússia, em vez de “esperar pelos ataques nucleares da Rússia”.
“O que a OTAN deve fazer? [Deve] eliminar a possibilidade de a Rússia usar armas nucleares. Mas o que é importante, eu mais uma vez apelo à comunidade internacional, como era antes de 24 de fevereiro: ataques preventivos [são importantes] para que eles saibam o que acontecerá com eles se [armas nucleares] forem usadas. Não deveria ser o contrário, como esperar pelos ataques nucleares da Rússia”, disse Zelensky.
Dirigindo-se à nação em 21 de setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o Ocidente cruzou todas as linhas em sua política anti-russa e recorreu à chantagem nuclear contra Moscou. Ele destacou que não se tratava apenas do bombardeio da usina nuclear de Zaporozhye incentivado pelos países ocidentais, mas também das declarações de vários representantes das principais nações da OTAN sobre a possibilidade de usar armas nucleares contra a Rússia.
“Alguns políticos irresponsáveis do Ocidente falam sobre planos para organizar o fornecimento de armas ofensivas de longo alcance para a Ucrânia, sistemas capazes de lançar ataques contra a Crimeia e outras regiões da Rússia”, disse o presidente russo.
Putin alertou que, se a integridade territorial da Rússia estiver ameaçada, Moscou usará todos os meios à sua disposição, incluindo armas nucleares. “Isso não é um blefe”, enfatizou.
O presidente russo disse repetidamente que não poderia haver vencedores em uma guerra nuclear, e que nunca deveria ser desencadeada, observando que a Federação Russa seguiu consistentemente a letra e o espírito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Cenários sob os quais a Rússia poderia teoricamente usar armas nucleares são estabelecidos na doutrina militar russa e nos Princípios da Política Estatal de Dissuasão Nuclear. De acordo com os documentos, o uso de armas nucleares é possível em caso de agressão contra a Rússia ou seus aliados com o uso de armas de destruição em massa, ou agressão com o uso de armas convencionais, quando a existência do próprio Estado está ameaçada.
A escalada na retórica de Kiev ocorre no momento em que a Rússia continua sua operação militar especial na Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro a pedido das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Entre 23 e 27 de setembro, as repúblicas de Donbass e áreas das regiões de Kherson e Zaporozhye liberadas durante a operação militar realizaram referendos sobre a adesão à Rússia. A esmagadora maioria dos residentes em cada território votou a favor da anexação.