Um apartamento no Praia Guinle, sonho dourado de Dona Dulce Figueiredo
Publicado
emJosé Escarlate
O apartamento do casal Figueiredo, defronte ao mar de São Conrado, no luxuoso Condomínio Edifício Praia Guinle, era o sonho dourado de dona Dulce e foi concluído em 1985. Composto por três torres de apartamentos de 260 a 530 m2 de área útil, o Praia Guinle é um dos endereços da cidade com a maior concentração de famosos.
Além de Figueiredo, viveram lá Gilberto Gil, Simone, Gal Costa, Alcione, Chico Anísio a socialite Lilibeth Monteiro de Carvalho, Luciano Huck e sua mulher Angélica, o ex-prefeito César Maia e o ex-jogador Romário,, hoje senador da República, que ocupava uma cobertura, mais tarde vendida. À época, o preço dos imóveis ali variava de 3 a 7 milhões de reais. Hoje, a coisa explodiu.
Coube ao ministro Benedito Gonçalves, do STJ, comprar o apartamento que por quase duas décadas foi do ex-presidente João Figueiredo. Gonçalves desembolsou 3,5 milhões de reais, à época. Segundo o ministro, os recursos utilizados na compra foram provenientes de poupança, “que acumulamos em 25 anos de vida profissional e de financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF), equivalente a 65% do valor do imóvel, a ser pago em 22 anos”.
Pouco antes de morrer, em 1999, circulou a informação de que Figueiredo teria entregue cerca de R$ 300 mil a um assessor fazer aplicações financeiras. Esse dinheiro jamais voltou à sua conta. Nome, endereço e CPF do assessor eram conhecidos, mas nada pôde ser feito para provar o sumiço do dinheiro e o caso ficou por isso mesmo. A partir dai, teve início a fase de contenção financeira da família. Depois da morte do marido, dona Dulce teve que vender, em leilão, objetos do espólio.
Segundo o filho mais velho do presidente, Johnny, as despesas com o apartamento no sofisticado condomínio Praia Guinle eram proibitivas para o padrão financeiro da família. Um dia, chegou a anunciar, brincando que, por decisão da mãe, só não seriam vendidos os filhos, acrescentando ainda que, aparecendo um bom preço, “venderemos também o Sítio do Dragão, em Nogueira, Petrópolis”. Quando Figueiredo faleceu, dona Dulce passou a receber, de pensão, quase R$ 9 mil por mês.
Das 200 peças selecionadas por ela para o leilão, 31 foram contestadas por representantes do Iphan, salientando que elas deveriam pertencer ao Museu da República por serem de interesse histórico. Paulinho Figueiredo, filho caçula do casal, não escondia sua mágoa, criticando: “É de se estranhar que eles só tenham tido interesse agora”.