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Um apê bonito, pronto para durar a vida toda

Entre os bairros do Itaim e do Morumbi, próximo à avenida Roberto Marinho, uma das mais movimentadas de São Paulo, existe um pequeno ‘oásis’ de tranquilidade: uma área bem arborizada e relativamente preservada do trânsito e do barulho excessivos. E foi lá que, com filhos ainda pequenos, um jovem casal optou por se instalar de maneira definitiva em um apartamento compacto, de 135 m².

“Eles desejam passar a vida toda no imóvel, pois parte da família também mora no edifício. Antes de dar início aos trabalhos, ponderamos se não seria o caso de fazer apenas uma intervenção mais leve, para que no futuro eles pudessem se mudar para um espaço maior, sem desperdiçar o investimento, mas eles foram taxativos. Concluíram que o apartamento oferecia tudo o que esperavam de uma residência na cidade e decidiram entrar ‘de cabeça’ no projeto”, lembra um dos autores da reforma, o arquiteto Fernando Fortes, do escritório paulistano FGMF, que, habitualmente, se dedica a projetar em escalas bem maiores.

“Por causa da nossa arquitetura, é frequente os clientes chegarem até nós já conscientes do fato de que, mesmo em se tratando de projetos de interiores, não repetimos fórmulas, nem trazemos soluções prontas. Eles estão interessados em ver o que vamos propor, mais do que fornecer referências deles”, afirma Lourenço Gimenes que, ao lado dos sócios Fortes e Rodrigo Marcondes Ferraz, conduziu a reforma do imóvel. “Ou seja, desde o início eles já sabiam que não trabalhávamos com fórmulas pré-definidas e que proporíamos um projeto contemporâneo, mais focado nas reais necessidades deles e não em qualquer estilo específico”, complementa Marcondes Ferraz.

Sendo assim, e por se tratar de uma família de quatro pessoas, em todos os ambientes, a acessibilidade e a facilidade de circulação entre todos os ambientes foram tratadas como assuntos de máxima prioridade. A cozinha, por exemplo, bastante compacta, equipada com armários até o teto, para garantir maior espaço de armazenagem, participa ativamente da rotina do living, assim como a varanda que, uma vez fechada e integrada ao conjunto, abriga hoje a sala de jantar, além de um dos recantos preferidos dos moradores: um verdejante jardim vertical em uma de suas extremidades.

Para viabilizar tal interconexão, houve bastante reforma em termos de vedações – aberturas novas, ligação entre quartos, demolições diversas. “Nada estrutural, por se tratar de um prédio, mas devo admitir que a mudança espacial foi grande. Na área íntima, por exemplo, optamos por deixar as crianças dormindo em um mesmo espaço e criamos um quarto de brincar, que pode ser alcançado por elas por meio de um pequeno ‘túnel’, sem perturbar o sossego dos pais”, conta Fortes.

Visando construir uma ambientação atemporal, capaz de atravessar décadas e ainda assim permanecer funcional, grande atenção foi dispensada à escolha dos materiais de acabamento. “Não queríamos uma reforma do tipo em 5 anos quebramos tudo e realizamos novamente. Por isso, partimos de uma base cinza, do tipo cimentícia, na maior parte dos revestimentos, com acréscimo de forros e painéis de madeira ripada nos tetos e nas paredes, para delimitar espacialmente os ambientes. Queríamos realizar algo que daqui dez anos estivesse ainda com uma cara bacana, sem parecer uma coisa datada”, detalha Marcondes Ferraz.

Realizada em lojas de design, mas incluindo também, em boa parte, peças desenhadas pelo próprio FGMF, a seleção do mobiliário buscou detectar as melhores opções custo-benefício para os proprietários, mas, igualmente, um resultado único e contemporâneo. “Temos investido todos os nossos esforços para desenhar peças únicas para nossos projetos. Algumas delas, inclusive, passaram a ser comercializadas por lojas especializadas. Nos agrada investigar nessa escala também, porém de maneira complementar”, explica Fortes.

“Esse projeto foi especial neste sentido. Ele nos permitiu criar peças específicas, como a mesa de centro componível, a partir de materiais empregados na indústria da construção, a estante fixa em uma das paredes da sala, os sofás das duas áreas de estar, além do beliche do quarto das crianças. Como atualmente contamos com um time de designers no escritório desenvolvendo apenas produtos, não deixou de ser um bom laboratório”, afirma Gimenes.

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