Quanto mais velho, melhor, já diz o ditado. E quando a velha idade vem com mudanças, fica melhor aí. Essa é a história deu m apartamento em um edifício construído em 1914 no distrito de Eixample, em Barcelona, na Espanha. Justamente o imóvel que arquiteto italiano Andrea Serboli sonhava encontrar. Localizado em um silencioso e verde corredor ao lado da Sagrada Família, o imóvel de 75 m² estava em estado de abandono, mas possuía alguns elementos originais das construções art nouveau catalãs.
Embora a maioria deles, em estado precário, não pôde ser resgatada, o que restou foi aproveitado para aplicar no novo lar o estilo irreverente que é a marca do escritório Colombo e Serboli Arquitetura, do qual Andrea é sócio ao lado de Matteo Colombo. “O mais difícil foi o constante desejo de pensar e repensar novos detalhes”, conta Andrea.
O limite era apenas o orçamento máximo a ser investido. O desafio: encontrar lugar para o grande número de objetos e memórias que fazem parte da coleção do proprietário, mantendo na estrutura pelo menos um quarto de hóspedes, além do principal. O conceito do projeto foi guiado pela ideia de eliminar divisórias (o imóvel antes tinha seis cômodos) e inserir no centro da planta uma caixa azul de madeira laqueada, que redefiniu o uso dos espaços a seu redor de modo mais arquitetônico e atual.
Multifuncional, a estrutura abriga os armários do quarto principal, os da cozinha e ainda delimita a entrada do banheiro, camuflada entre portas pintadas de um tom mais claro de azul no corredor de teto abaulado. No interior da área úmida, tons quentes criam um efeito surpresa para quem entra no local: nas paredes e no teto, aplicaram microcimento cor-de-rosa; no piso, os azulejos ganharam rejunte terracota.
“Não me vejo vivendo em um lugar sem cor. Venho da Sicília e vivo em Barcelona, duas atmosferas mediterrâneas diferentes, mas dominadas pela luz e nas quais as cores podem dar o seu melhor”, conclui o morador.