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Um ato demagógico acabou com o SNI e com as chances de evitar muita coisa errada

José Escarlate

Manhã de domingo, em pleno governo FHC, encontro o general Octávio Medeiros, reformado, fazendo compras no mercado Pão de Açúcar, no Lago Sul. Senti que ele queria conversar.

Depois dos cumprimentos, disse quem eu era e lembrei o tempo do Planalto. Como repórter e, depois, assessor da área de imprensa. Quando ele começou a falar, notei que havia bebido um pouco. Mas seguiu adiante, praticamente autocontrolado. Tinha os pés no chão.

Provocado, começou a contar histórias do “serviço”, o SNI. Disse que no início, o “serviço” tinha cerca de 50 pessoas. “Do chefe ao faxineiro” – frisou. Ao ser criada a Escola Nacional de Informações, o SNI chegou a ter 3 mil pessoas, em todo o país. “Até curso de economia funcionou por lá – disse.

“Nos últimos anos, se tivéssemos 30% de militares era muito”. Sentindo-se à vontade, desfiou o rosário. Disse que Sarney o esvaziou bastante. “Chegou o Collor, com medo de que nos arquivos houvesse coisas contra ele, decidiu acabar com o “serviço”.

“A sua extinção – revelou, engolindo seco -, foi um ato extremamente demagógico e de autoproteção, porque, se o SNI existisse como no tempo do Figueiredo, jamais teria havido o caso PC”.

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