Notibras

Um conto picante do início da pandemia de covid

A pandemia, que tanta tristeza provoca, também nos oferece lindos exemplos de solidariedade. Pessoas que doam dinheiro e alimentos para os mais vulneráveis, ou que fazem compras para idosos impossibilitados de sair, são muitíssimos os exemplos. Por sorte, tenho uma vizinha que integra essa emocionante corrente do bem.

Não sei seu nome, só a conheço de janela. É morena, de cabelos curtos, e aparenta menos de 30 anos. Não é uma beldade mas, tanto quanto eu possa ver sem binóculo, é bonitinha e tem um corpo escultural.

O ritual começa por volta das 10 horas. Com a janela escancarada ela tira o pijama, mostrando-se só de calcinha. Sutiã, nem pensar, que seus seios são lindos e firmes. Em seguida olha para a plateia nos apartamentos próximos, sorri discretamente e veste um mini short e uma blusinha idem. Sobe então numa escada junto a uma estante de livros e começa a arrumá-los. Está nisso a uns 15 dias e, maravilha, ainda não terminou a prateleira superior.

A cena não tem nada de pornô, nem mesmo de soft porn. Parece tirada de uma comédia romântica levemente erótica das antigas, em que a mocinha, ao beijar o galã, levanta deliciosamente uma das pernas em ângulo reto. Nesse caso não há beijo, ela simplesmente ergue a perna num ângulo de 90º, enquanto arruma os livros. Talvez para se equilibrar. A perninha ergue-se umas três vezes durante a arrumação. Sei que isso vai acontecer mas, mesmo assim, fico encantado sempre que ocorre.

Outro ritual, este mais picante, é o da derrubada da revista. Ela, aparentemente, escapa da sua mão e cai no chão. A vizinha desce bem devagar a escada e abaixa-se para pegar a publicação – sempre de costas para a plateia, fascinada por sua linda bundinha. Por algum motivo, a moça tem dificuldade em segurar a revista e é obrigada a abaixar umas duas vezes, devagarinho e com enorme sensualidade. A tigrada berra de desejo, mas eu, perfeito cavalheiro, limito-me a sorrir e a agradecer aos deuses pela visão.

Uma hora depois, a arrumação termina. A vizinha generosa olha para os apartamentos próximos, dá um sorrisinho e faz uma pequena reverência, como se agradecesse os aplausos recebidos – que ainda são virtuais, mas certamente um dia soarão, ensurdecedores e entusiásticos.

É isso aí. Em tempos de coronavírus, cada um precisa apoiar o próximo da melhor maneira possível. A morena da escada faz a sua parte para nos levantar o moral (ô bicho pra ter nome), que as divindades futura (e desejada) aproximação horizontal a conservem.

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