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Brasília, 65 anos

Uma coroa que arranca suspiros por onde passa

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Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto Ana Maria Martínez

Brasília faz 65 anos hoje. Uma senhora, claro. Mas não qualquer senhora. Brasília é uma coroa enxuta, dessas que tomam chá de hibisco, fazem pilates e ainda causam suspiros por onde passam.

Cheguei aqui em 1998, eu com 13 anos e a cidade com 38 — uma diferença que, na época, parecia um abismo geracional. Aos meus olhos de adolescente, Brasília era um mistério. Um tanto fria, cheia de siglas, blocos, superquadras e um céu que parecia grande demais pro meu vocabulário.

Demorei a entender essa cidade. No começo, achava que morar num “bloco” era coisa de filme distópico. E que “EPIA”, “SGAN” e “SOF SUL” eram códigos secretos da CIA. Mas Brasília foi se revelando aos poucos, como quem conta segredos ao pé do ouvido.

Aprendi que a cidade tem seu charme nas entrelinhas: num pôr do sol que faz a gente duvidar da existência de qualquer outro lugar no mundo, numa caminhada pelo eixão aos domingos, no frescor de um banho nas piscinas da Água Mineral, num passeio pelo zoológico, em um bate-papo com os amigos em um barzinho da asa norte.

Hoje, olho pra essa coroa bonitona e penso: como você está charmosa! Ainda moderna, ainda misteriosa, ainda linda com seu concreto, suas árvores tortas e seu céu que parece um telão de cinema. E eu? Eu continuo aqui, desvendando teus cantos, tuas manias, teus amores e tuas revoltas.

Parabéns, Brasília! Que venham muitos anos mais de beleza, caos organizado e cafés embaixo de pilotis. E obrigada por ter me acolhido ainda menina e me ensinado a crescer com teu vento seco e tua luz escandalosa.

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