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Entrevista/Luiza Koppe

Uma doença, a tragédia, a dor e as letras para ativar a mente e ter fé no futuro

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Autor/Imagem:
Cecília Baumann - Foto Acervo Pessoal

Uma literata nata. É assim que podemos definir Luiza Koppe, uma jovem paranaense que enfrentou muitos desafios ao longo da sua vida (bem novinha, diga-se de passagem). Mas como a dor não silencia a voz e não anestesia o cérebro, essa contumaz brincalhona com as letras decidiu escrever para expulsar aflições atemporais.

Para conhecer um pouco mais sobre essa pós-adolescente de Porto União, hoje residente em Curitiba, basta ler a entrevista a seguir, feita por e-mail.

Fale um pouco sobre você, seu nome (se quiser, pode falar apenas o artístico), onde nasceu, onde mora, sobre sua trajetória como escritor.

Sou Maria Luiza Mendes Koppe, 28 anos. Tenho uma marca chamada Moça Maria de papelaria voltada para empresas. Nasci na divisa do Paraná com Santa Catarina, em uma cidade chamada Porto União, gêmea de União da Vitória. Atualmente moro em Curitiba. Minha paixão pela escrita sempre andou em paralelo com a minha paixão pelas artes em geral (literatura mais especificamente falando). Minha primeira história registrada foi aos 9 anos, um mini conto sobre um palhaço. Também possuo um conto chamado As Lágrimas Lunares que foi publicado em um jornal local de minha cidade natal. Mais recentemente fui selecionada para participar de uma antologia de poemas.

Como a escrita surgiu na sua vida?

Sempre fui uma pessoa criativa e, depois de me viciar em ler livros e criar histórias na minha cabeça, foi natural o processo de começar a colocar as ideias no papel.

De onde vem a inspiração para a construção dos seus textos?

Vem do meu “silêncio turbulento”, nome carinhoso que dei para a minha mente. Acho que o que acontece lá dentro é uma mistura de todas as informações que eu inspiro ao longo do dia e o processo de pensar em si. Também gosto muito de entender como a mente humana funciona e ouvir as experiências de outras pessoas.

Como a sua formação ou sua história de vida interferem no seu processo de escrita?

Tenho TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo) desde os meus 3-4 anos e, em torno de 5 anos atrás tive câncer de tireóide e depois metástase. Acredito que o meu sofrimento interno e a necessidade que sinto de compreender tudo são as chaves para escrever, pois sinto necessidade de jogar o turbilhão para fora, para manter um resquício de sanidade.

Quais são os seus livros favoritos?

It, a Coisa, de Stephen King, Luna Clara e Apolo Onze, de Adriana Falcão, e Elizabeth I – O Anoitecer de um Reinado, de Margaret George.

Quais são seus autores favoritos?

Stephen King, Philippa Gregory e, mais recentemente, Lev Tolstói.

O que é mais importante no seu processo de escrita? A inspiração ou a concentração? Precisa esperar pela inspiração chegar ou a escrita é um hábito constante?

Eu chamo minha escrita de “escrita automática”, pois eu não penso para escrever, as palavras só chegam e partem. Muitas vezes eu acabo esquecendo, porque não fui rápida o suficiente para escrever. Acredito que seja pela constância do ato de escrever em si que minha mente já se condiciona automaticamente para isso.

Qual é o tema mais presente nos seus escritos? E por que você escolheu esse assunto?

O tema mais presente nos meus escritos é filosofar sobre os temas universais e as perguntas que me faço, tais como: vida, morte, bem, esperança, mal, desespero, dor, fé. Sinto que nunca tive escolha, eles só aparecem, não tenho controle sobre o que escrevo de certa maneira.

Para você, qual é o objetivo da literatura?

Assim como as demais artes, acredito que seja para fazer as pessoas pensarem na própria existência e, ao mesmo tempo, se conectarem com seu eu interior.

Você está trabalhando em algum projeto neste momento?

Estou focando em alimentar meu instagram (maria.koppe) com meus escritos para que mais pessoas tenham acesso ao que escrevo. Mas pretendo um dia fazer uma coletânea com as minhas tentativas de poemas e crônicas e publicá-las.

Como você gostaria que seus leitores enxergassem sua obra?

Que pensar no que lhe aflige pode aliviar seu sofrimento.

Como é ser escritor hoje em dia?

Acho que é bem complicado, porque é praticamente impossível sobreviver apenas da escrita. Se você for um escritor comercial, precisa se encaixar nas regras do mercado literário, então inevitavelmente sua inspiração será limitada e você perde o mais importante na escrita: liberdade. Se você só quiser continuar escrevendo precisa entender que você não vai sobreviver disso e é importante ter outra fonte de renda.

Qual a sua avalição sobre o Café Literário, editoria do Notibras?

Achei maravilhosa e acalentadora a criação desse espaço para escritores independentes. Sempre vi a ideia de uma carreira como escritora como mais sorte que empenho, então me entristecia vários talentos terem que se dignar à obscuridade.

Tem alguma coisa que eu não perguntei e você gostaria de falar?

Gostaria de deixar uma pergunta no ar para se fazer a si próprio: “que cor eu sou nesse imenso espectro chamado vida?”

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