Certa noite, uma família da cidade grande foi passar um final de semana num sítio bem no interior do estado, no alto da Serra. Era uma casinha muito humilde, no meio das plantações, onde existiam também porcos, galinhas e outros animais que o sitiante criava.
A família passou o dia passeando pelas redondezas, andando a cavalo, vendo as flores-do-campo e as águas do riacho que corria ali perto. Quando a noite chegou todos se recolheram para dormir.
No sítio não havia eletricidade e a noite era escura e muito fria, típica do inverno rigoroso da Serra catarinense. Lá pela meia-noite, o Sr. Arnaldo se acordou com o barulho de alguns passos, bem ao lado de sua cama, que faziam o assoalho da casinha ranger. Sentiu necessidade de urinar e achou que era sua esposa Ana que estava fazendo aquele barulho, buscando o penico.
Então lhe falou, ainda com os olhos fechados:
– Não apaga a vela e deixe o penico aí, porque eu também preciso usar.
A resposta dela o deixou apavorado. Ela disse:
– Não sou eu que estou andando. Não há ninguém acordado aqui.
Enquanto isso, os cães do sítio latiam raivosamente, sem parar, dando a impressão de que havia um bicho enorme nas imediações.
Então o Sr. Arnaldo, cheio de medo, perguntou:
– Então quem foi que fez aquele barulho?
– Pensei que era você!
Com essa resposta o Sr. Arnaldo quase molhou a cama! Ficou apavorado e pediu para a esposa que acendesse a vela, pois estava apurado. Então ela a acendeu, e cheios de medo, usaram o penico depressa. Depois apagaram a vela e tentaram dormir, cobrindo até a cabeça.
O pavor do Sr. Arnaldo era tanto que ele se encostou à parede onde a cama estava também encostada e pediu para que a Sra. Ana colasse nele com força, pois tinha sempre a impressão de que uma mão fria iria tocar o seu corpo.
Foi uma noite tenebrosa.