Enfim, uma luz
Uma noite sem fim, escura, aterroriza casal alvo de homofobia
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Vinicius pousou seus dedos de leve nas mãos de Daniel que o acariciou a face. Um momento íntimo e sorridente. “Com o carro na oficina teremos que pegar um Uber” disse Vinicius.
“Mas valeu a pena o jantar, sair um pouco da rotina de trabalho “, ponderou Daniel, agora apertando a mão do companheiro.
A noite estava tranquila quando Vinicius e Daniel saíram do restaurante, rindo e conversando sobre os planos para o futuro. Haviam passado mais de dez anos juntos, construindo uma vida cheia de amor e cumplicidade. Mas, naquela noite, o destino tinha outros planos.
Enquanto caminhavam pela calçada iluminada apenas pela luz amarelada dos postes, notaram um grupo de cinco homens à distância. O jeito como eles se olhavam e a maneira como estavam agitados fez o coração de Vinicius acelerar. Ele tentou ignorar, mas a sensação de desconforto cresceu.
— Vamos por aqui — sugeriu Daniel, puxando Vinicius para uma rua lateral mais escura.
Mas os homens perceberam a mudança de direção e começaram a segui-los. A adrenalina correu nas veias de Vinicius. Ele sabia que aquilo não era só uma coincidência. Com cada passo que davam, o grupo se aproximava mais, rindo em um tom ameaçador.
— Acelera! — sussurrou Daniel, puxando Vinicius pelo braço. Eles começaram a correr.
Os passos pesados ecoavam atrás deles enquanto eles se afastavam. A respiração ofegante misturava-se com o som das batidas dos corações. Viraram em várias esquinas, tentando despistar os perseguidores, mas a cidade parecia um labirinto sem fim.
— Ali! — apontou Daniel para um beco estreito. Eles se enfiaram nele, esperando que a escuridão os escondesse.
Respirando fundo, Vinicius tentava ouvir os passos dos homens. O silêncio era ensurdecedor até que gritos cortaram a noite.
— Eles estão por aqui! — gritou um dos agressores.
Os dois se entreolharam, o medo estampado nos rostos. Eles precisavam encontrar uma saída. Enquanto corriam mais fundo no beco, avistaram uma porta entreaberta.
— Vamos! — Daniel puxou Vinicius para dentro.
Era um depósito abandonado, cheio de caixas empilhadas e sombras dançantes. Eles se agacharam atrás de uma pilha de caixas, tentando recuperar o fôlego. O som dos homens se aproximando fazia o coração deles disparar ainda mais.
— O que vamos fazer? — perguntou Vinicius, a voz tremendo.
— Precisamos esperar até que eles se afastem — respondeu Daniel, tentando manter a calma.
Após alguns minutos que pareceram horas, os gritos dos homens começaram a diminuir à medida que eles se afastaram do depósito. Mas a sensação de alívio foi breve quando perceberam que estavam cercados pela escuridão da cidade.
— Temos que sair daqui — disse Vinicius olhando pela janela quebrada. “Ali!” Ele apontou para a luz distante de um posto policial no final da rua.
— É arriscado… — começou Daniel, mas Vinícius não queria ouvir mais desculpas.
— É nossa única chance! Vamos!
Eles saíram do depósito e correram em direção ao posto policial. A adrenalina os impulsionava enquanto olhavam para trás. Os homens poderiam aparecer a qualquer momento.
Quando chegaram à entrada do posto, notaram que estava escuro e aparentava estar vazio. Uma onda de desespero tomou conta deles ao perceberem que não havia ninguém ali para ajudar.
— O que fazemos agora? — perguntou Daniel, desesperado.
Num instante, ouviram risadas vindas da esquina da rua. Os cinco homens estavam voltando!
— Rápido! Entre! — Vinicius puxou Daniel para dentro do posto.
Eles entraram em silêncio absoluto e se esconderam atrás da recepção vazia. O som das vozes se aproximava rápido enquanto os homens entravam na área iluminada por uma única lâmpada piscante.
O coração de Vinicius disparava enquanto ele observava através da fresta da porta as silhuetas dos agressores. Eles estavam rindo e falando sobre como iriam “dar uma lição” nos dois rapazes.
Daniel apertou a mão de Vinicius com força. Era agora ou nunca; precisavam agir antes que fosse tarde demais. Mas quando ele olhou para seu parceiro, viu o mesmo medo refletido em seus olhos — e também uma determinação silenciosa.
A porta do posto estava entreaberta; eles precisavam decidir de vez: correr em busca de ajuda ou enfrentar os agressores ali mesmo.
Naquele momento tenso, o destino deles estava prestes a ser decidido. Foi quando ouviram um som da porta dos fundos se abrir e a luz ser acesa.
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