Mariozinho, o playboy
Uma princesa na festa do último dos cafajestes
Publicado
emJosé Escarlate
Mariozinho de Oliveira, milionário e playboy, era um terror. Liderava, com o comandante Edu, a “turma dos cafajestes”, em Copacabana. Morava na avenida Atlântica, de frente para o mar, em cima do Bar Alvear, na esquina de República do Peru.
Era ele quem bolava as festas mais incríveis do grupo. De uma feita, soube que estava de visita ao Rio uma princesa africana. Pelas fotos dos jornais viu tratar-se de uma bela mulher, negra, de traços finos. Sentiu que a princesa estava por merecer bem mais do que estava recebendo. Dava caldo. Mexeu seus pauzinhos e ofereceu um jantar black tie para ela.
Convidou o high society que, ressabiado com ele e seus arranjos, compareceu de maneira comedida. Contratou um pianista para animar a festa e, obviamente, o pessoal da turma dos cafajestes. Quase todos, rapazes poliglotas. A festa foi um sucesso de animação.
A princesa, entusiasmada, não escondia a sua alegria e encantou a sociedade, embora pouco entendesse de português e nada falasse. Apenas algumas coisas, em francês. No fim, perto das quatro da matina, todo mundo de tanque cheio, Mariozinho abraçou a mulher, levando-a para o meio do grande salão do apê, bateu palmas e decretou: “Tudo bem, neguinha. Valeu. Agora é hora de tirar a mesa e lavar a louça”.
Sem hesitar, levantando-se, ela respondeu sorrindo alegremente, com seu sotaque arrastado: “Pois non senhorrr Marrriozinhô”.