Renato & Seus Blues Caps
Uma turma fechada que se abre para cantar e empolgar
Publicado
emAmilton Pinheiro
“Certa vez, ouvi de um integrante da Bossa Nova, que quase todos eles desprezavam a Jovem Guarda, mas tinham uma certa simpatia pelo Renato & Seus Blue Caps, mesmo que fosse uma pequena simpatia”, conta, rindo, por telefone do Rio, Renato Barros, o fundador do grupo, que confessa sua paixão pelo gênero musical. “Bossa Nova é bem mais sofisticada que a Jovem Guarda”. Eles se apresentam nesta quarta, 22, no Teatro Bradesco.
Coincidentemente, eles começaram a carreira no mesmo ano de nascimento da Bossa Nova, 1959, quando João Gilberto lança Chega de Saudade – alguns rapazes do bairro de Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, decidem tentar a sorte na rádio Mayrink Veiga, no programa Hoje é Dia de Rock, apresentado por Jair Taumaturgo
Não foi um início encorajador, melhor dizendo, nada encorajador, pois o grupo recebeu uma tremenda vaia. “Mas não desistimos, voltamos ao programa e cantamos uma música exaustivamente ensaiada. Foi um enorme sucesso. Depois, rebatizamos o nome do conjunto para Renato & Seus Blue Caps”, recorda.
No entanto, o sucesso só viria em 1964, com a música Menina Linda, versão que Renato fez de I Should Have Known Better, dos Beatles, a pedido de Carlos Imperial (1935-1992), sem saber quase nada de inglês, a não ser “I love you”. “A música fez mais sucesso que a canção original dos Beatles”, diverte-se.
Renato, que passou a fazer as versões das músicas dos rapazes de Liverpool, os quais nunca conheceu, revela que eles tomaram conhecimento das canções feitas pelo conjunto brasileiro – ainda que não se conheça alguma fonte que comprove a versão.
“Eu tinha um livro, editado pela BBC, em que Paul McCartney e John Lennon citavam nossas versões e garantiam gostar delas”, diz, com orgulho, Renato, que conheceu outra lenda, Elvis Presley. “Assisti a um show dele em Las Vegas e, no dia seguinte, conheci por acaso um integrante da banda dele, que me levou ao camarim do Rei.”
O grupo formado por Renato, Cid Chaves, Darci Velasco, Amadeu Signorelli e Gelsinho Moraes nunca parou, apesar das várias formações, e dos altos e baixos que uma carreira tão longa impõe (é a banda de rock mais velha em atividade). “Ostracismo? Numa boa, nunca estivemos”, diz, com firmeza, Renato.