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Uma voz amiga que afasta o desespero do suicídio

“Alguma coisa estamos fazendo errado”, diz a psicóloga Semíramis Amorim. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem 32 suicídios por dia. São 32 vidas, a cada 24 horas, que acabam na maioria das vezes por impossibilidade de enxergar saída para uma situação.

“Atualmente a sociedade é focada no consumo. Tenho que ter tudo, ser vencedor sempre”, observa Semíramis. Enquanto a pressão é grande para todos, aqueles que têm dificuldade de lidar com as frustrações podem ter reações mais severas, explica.

“A maior parte dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, principalmente depressão, ansiedade, esquizofrenia ou abuso de álcool ou outras drogas”, afirma Semíramis. Segundo ela, quebrar o tabu sobre o assunto e conversar sobre esses transtornos é importante para reverter os números atuais.

Uma boa forma de dar o primeiro passo é saber identificar as principais causas do suicídio em amigos, colegas e familiares. “É preciso ficar atento a pessoas que passaram por processos de perda, jovens vivendo situações de bullying pesado – LGBTs passam com frequência por isso -, pessoas desempregadas, aposentadas, migrantes que vêm de outra realidade social, quem passou por situações de guerra ou desastres como em Mariana, pessoas com uma dinâmica familiar perturbada”, cita a psicóloga

Ansiedade e depressão – Mas como diferenciar a tristeza “normal” ou a ansiedade comum do mundo moderno de algo mais grave? Além de frases como “não aguento mais” ou “quero sumir”, mudanças no comportamento devem acender o sinal de alerta. Falta de interesse com o próprio bem-estar, comer ou dormir demais – ou de menos -, queda na produtividade ou no sucesso escolar são indicativos de que algo não vai bem. Semíramis cita quatro “Ds”: estado depressivo, desesperança, desamparo e desespero.

Álcool e drogas – Consumir álcool na tentativa de diminuir a tristeza “é uma grande ilusão”, afirma a psicóloga. “Ele é muito mais depressor do sistema nervoso central do que estimulante”, explica. Já a cocaína é extremamente estimulante, mas deprime fortemente em crises de abstinência.

Esquizofrenia – A esquizofrenia é um transtorno de pensamento que faz com que o paciente tenha alucinações e delírios. “Pode ser que a pessoa ouça uma voz de comando que diga que ela tem que se matar ou matar alguém”, explica Semíramis. Nesses casos, o tratamento geralmente precisa ser feito com medicamentos.

Como ajudar – O importante é prestar atenção a quem está em volta. “A gente deixou de olhar para o outro”, lamenta Semíramis. Ela explica que o primeiro passo é conversar e mostrar apoio. Depois disso, é preciso incentivar a pessoa a encontrar ajuda profissional e, acima de tudo, não criticar.

O Centro de Valorização à Vida oferece apoio online, no site cvv.org.br, pelo telefone 141, via Skype (acesso pelo site), ou e-mail (mensagem enviada também pelo site). Em todos os canais, o atendimento é feito por voluntários treinados e a conversa é anônima, com sigilo completo sobre tudo que for dito.

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