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UnB leva contribuição para Agenda Brasil 2030

Os projetos Cocriação de tecnologias para agricultura familiar e Modelos de negócio de empreendimentos econômicos solidários geridos por mulheres, ambos vinculados à Universidade de Brasília, estão entre as dez soluções de 2021 consideradas mais inovadoras no Brasil pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) e o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). As iniciativas foram escolhidas, em chamada pública do GT e da entidade, entre outras 74 em todo país que contribuem para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Conduzido pelo Núcleo de Agroecologia (NEA), um dos projetos da Universidade tem como objetivo o fortalecimento de ações de inovação que visam a autonomia e soberania de agricultores familiares, favorecendo práticas de agricultura sustentável com aumento na produtividade e inserção mercadológica. O outro, vinculado ao Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), é organizado por mulheres em situação de vulnerabilidade social do Distrito Federal e Entorno e promove a geração de renda e trabalho.

A seleção foi feita com apoio da plataforma Prosas e financiamento da União Europeia. Para a escolha das soluções, foram considerados critérios como a implementação e a evidência de inovação técnica, de gestão e/ou de relacionamento com as partes interessadas e o impacto socioambiental positivo para a efetividade dos ODS.

A decana de Pesquisa e Inovação da UnB, Maria Emília Walter, destaca a importância do reconhecimento dos dois projetos da Universidade e suas contribuições para o país. “Isso mostra o quanto a UnB está ligada a questões relevantes para a sociedade e vem construindo soluções para problemas crônicos da sociedade brasileira, como erradicação da pobreza, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, trabalho decente e crescimento econômico, fome zero e agricultura sustentável, além de parcerias e meios de implementação”, afirma.

Todos os projetos escolhidos deverão participar, em junho, do III Seminário de Soluções Inovadoras para o Desenvolvimento Sustentável, promovido pelo GT Agenda 2030 e o IDS, e de uma publicação que será divulgada para potenciais apoiadores e investidores. “Eles receberão mentoria para a elaboração de modelos de negócios, que inclui aspectos como planejamento estratégico, mapeamento de atores e indicadores de impacto”, informa a decana.

Muheres no mercado
Com atuação no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB, a professora Sônia Carvalho, coordenadora do projeto Modelos de negócio de empreendimentos econômicos solidários geridos por mulheres, ressalta que a iniciativa visa melhorar os modelos de negócio de 15 empreendimentos econômicos solidários organizados por mulheres no Distrito Federal e Entorno.

A ideia é que tenham como referência os princípios da economia solidária, como autogestão, solidariedade democrática, cooperação e viabilidade econômica, e sejam pautados nos ODS.

“Ao diagnosticar os empreendimentos no seu valor, ou seja, nos benefícios que entrega à sociedade, e obtendo dados sobre seus desafios e potencialidades, foi possível evidenciar estratégias de melhorias na gestão e adaptar o êxito do negócio a um ambiente de crise e escassez”, sinaliza os resultados já obtidos.

O projeto impacta na inclusão digital e no letramento tecnológico de mulheres, além de na melhoria do modelo de negócio dos empreendimentos mediante a pandemia. A expectativa é também que se reforce o valor dessas organizações em relação a quatro fatores: o modo como praticavam os princípios da economia solidária; o desenvolvimento do empreendedorismo por necessidade e oportunidade; a importância da mulher na gestão; e os impactos social, econômico, ambiental e cultural na comunidade.

Segundo a coordenadora, a seleção do projeto na chamada aponta para a relevância do aprendizado de inovar na escassez, tendo em vista que este proporciona reflexões teóricas e práticas sobre a dinâmica de gestão dos empreendimentos e as possibilidades de melhoria do modelo de negócio, para a geração de renda e trabalho digno e para a promoção da inclusão social e econômica das mulheres.

Sônia Carvalho também ressalta a contribuição para mitigar quatro das metas previstas nos ODS. “Em especial, acabar com a pobreza, em suas diferentes formas; assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas, em todas as idades; assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade; alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; e apoiar o desenvolvimento de tecnologia, pesquisa e inovação”, assegura.

Incentivo aos proutores
á o projeto Cocriação de tecnologias para a agricultura familiar promove uma série de ações para garantir maior autonomia e segurança alimentar aos agricultores familiares e a promoção da transição agroecológica e da produção orgânica.

 

“Nesse conjunto, trabalhamos com a cocriação de tecnologias sociais e a produção de aplicativos para o gerenciamento da produção e a interface entre consumidor e produtor. Isto ocorre com o despertar da capacidade criativa dos agricultores, aumentando o seu protagonismo no desenvolvimento tecnológico”, explica a professora Cristiane Barreto, uma das coordenadoras do NEA e do Projeto Nexus, que apoia a iniciativa.

Projeto busca auxiliar agricultores familiares com o desenvolvimento de soluções tecnológicas às demandas de trabalho. Fotografia tirada antes da pandemia de covid-19. Foto: Divulgação

“Esse processo é facilitado por oficinas participativas que combinam princípios das tecnologias apropriadas e da construção da capacidade criativa (CCB) – Creative Capacity Building, no original em inglês –, uma metodologia do laboratório D-Lab, do Massachusetts Institute of Technology, [nos Estados Unidos], executada pela International Development Innovation Network e Instituto Invento”, detalha.

A partir das demandas de cada comunidade de agricultores com a qual o projeto trabalha, foram concebidas tecnologias, como bomba d’água eólica, quebrador de baru, semeadeira e multiprocessador de mandioca. Também foram desenvolvidos dois aplicativos: o Mangút, idealizado com apoio de estudantes da UnB para facilitar a interação entre produtores agroecológicos e consumidores, e um de gestão das CSAs (comunidades que sustentam a agricultura).

“Os protótipos e aplicativos desenvolvidos são soluções às demandas locais, identificadas pelas próprias comunidades, para otimizar o tempo e esforço no plantio, na colheita, no processamento e na comercialização dos produtos, entre outras atividades diárias. As tecnologias produzidas são, também, novas oportunidades de negócios para os agricultores, já que podem ser replicadas, adaptadas e comercializadas por eles”, aponta Cristiane Barreto.

Segundo a professora, as soluções visam fortalecer a segurança alimentar nas áreas rurais em que ainda há muita produção direcionada ao consumo familiar, mas também permitir a melhor nutrição da população em geral, que terá acesso a produtos mais saudáveis para consumo diário.

“Como beneficiários diretos, tivemos cerca de 70 agricultores familiares nas oficinas de cocriação de tecnologias e 20 cadastrados na plataforma de vendas no aplicativo Mangút. Também teremos produtores e coprodutores das CSAs. Indiretamente, é facilitado o acesso a alimentos orgânicos e agroecológicos para consumidores em geral. Todo o processo dá a oportunidade a estudantes e pesquisadores de desenvolverem ações de pesquisa e extensão”, acrescenta a docente.

Cristiane comemora a seleção do projeto e afirma que se trata de um reconhecimento do potencial transformador das ações promovidas, além da importância de dar mais suporte às famílias no campo e mais opções de acesso a alimentos nutritivos e saudáveis. “Esse reconhecimento dá projeção à iniciativa. Esperamos que possa garantir a continuidade das nossas ações em execução”, almeja.

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