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Neoliberalismo

Vacina virou negócio ou é política pública?

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Autor/Imagem:
Pedro Augusto Pinho/Via Pátria Latina

O neoliberalismo que assola o Brasil desde os anos 1980 não provocou somente concentração de riqueza, desemprego, fim da valorização do trabalho, redução das garantias sociais e outras mazelas que sentimos no dia a dia neste século XXI.

Ele também nos entupiu com falsas ideias e crenças que nos colocam não só na lista dos países de maior desigualdade econômica como na de maior ignorância política.

Como é possível imaginar que as vacinas, contra o vírus que se converteu na pandemia mortal desta década, que passaram a ser gerenciadas como ação geopolítica pelos mais poderosos Estados, estariam melhor nas mãos privadas do que nas estatais?

Ou pelo pensamento mágico, de uma curiosa e parcial divindade, ou pela crença na corrupção que é comum nos negócios privados (se há corrupto, há corruptor), ou porque considera que os ricos devem ter mais direitos do que quaisquer outros brasileiros.

Nem pensam que os empresários importadores de vacinas farão deste privilégio, mais um entre tantos, outra forma de corrupção (alguém há de conceder a vantagem), de sonegação de impostos, de concentração de renda à custa de todos nós, os pobres e ignorantes.

As vacinas são produzidas em poucos países, que detém tecnologia, apoio estatal e condições econômicas para as fabricar. Trata-se, portanto, de um bem escasso que o Brasil, no ímpeto privatista que nos assola desde 1990, deixou de poder se inserir.

Ficamos, assim, dependentes das importações que um desgoverno não quis ou pode agir no tempo certo. E agora estamos por conquistar, em números absolutos, o troféu do lugar do mundo onde o covid mais mata.

Esta situação, açulada pelo medo, gerou fatos tragicômicos de falsas enfermeiras vendedoras de falsas vacinas, cobrando pela ação ilegal o preço do risco. E são os empresários, colegas dos importadores, que foram as vítimas.

Podemos então acreditar que esta categoria vai importar vacinas de verdades ou falsas vacinas como as que compraram para seu uso?

E por que os parlamentares, apoiados pelo executivo, aceitam colocar empresários, ao invés de cobrar mais eficiência e dar mais recursos para os órgãos públicos envolvidos na solução da imunidade ao vírus mortal?

Porque esperam ganhar um “por fora” seja na conta bancária seja na campanha eleitoral que se avizinha. Ou o apoio da mídia hegemônica que faz campanha pelo neoliberalismo há, pelo menos, cinquenta anos.

Pobre Brasil, levado pelo engodo de poucos que ganham muito para manter seu povo ignorante. Embora use exemplos estrangeiros na tentativa de nos fazer crer que as suas ações são corretas, de ampla aceitação no mundo desenvolvido, nós não temos canais de rádio e televisão com o alcance das redes públicas dos países europeus. Também estamos bastante longe de ter os percentuais de analfabetos de países socialistas, onde quando não é um traço estatístico, fica após a vírgula que indica sua insignificância.

Realmente, um povo que aceita ser esbulhado, explorado, age como gado em rebanho, merece que uma obrigação do Estado – a saúde da população – seja tratada como rentável negócio privado.

E vamos assim conquistando troféus de assassinatos em massa, de miséria, de analfabetismo, de povo ignorante, incapaz de se unir para exigir seu direito de viver.

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