A presidente Dilma Rousseff chegou a um ponto de enfraquecimento político máximo, porém seus adversários no Congresso Nacional penetraram no mesmo corredor de aflições.
Eduardo Cunha e Renan Calheiros se veem diante de sérios complicadores emanados das delações premiadas, das orientações do procurador-geral da República e das ordens do ministros do Supremo Tribunal Federal para buscar e apreender bens de senadores.
Dilma tem vantagem nesse combate nas sombras, uma vez que não é apontada contra ela qualquer prova de que tenha praticado crime eleitoral ou que sua campanha se tenha beneficiado das propinas da Petrobras.
Já Eduardo Cunha sofreu um golpe de extraordinária força acusatória com o depoimento do lobista Julio Camargo ao juiz Sergio Moro.
O país todo ouviu sua fala e viu sua calma relatar o que não se tem dúvida de que seja um achacamento de 5 milhões de dólares, a menos que o delator tenha se contaminado pela falsidade ou esteja a serviço de alguém poderoso para queimar Cunha.
Seu colega de poder Renan Calheiros tem igualmente contra si um débito acusatório que a qualquer momento poderá atingi-lo com o mesmo tratamento dispensado aos demais senadores envolvidos.
Ambos os presidentes do legislativo reagem com fúria e prometem apertar o cerco em Dilma, criando no segundo semestre ampliadas dificuldades para o seu governo.
Renan menciona a instalação das CPI’s – BNDES e Fundos de Pensão.Cunha trata de romper definitivamente com o governo e afastar o PT de sua linha de horizonte.
A questão principal, entretanto, não é Dilma. É o elo mais frágil. Ela está no comando do governo mas não está à frente do processo. O processo tem um comandante e este se chama Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, o ex-presidente recebeu sua primeira anotação grave de que está sendo investigado, por decisão da Procuradoria do Ministério Público do DF.
Todos os atores principais em cena estão chamuscados, tornando excepcionalmente grave o momento político.
Leonardo Mota Neto, Cartapolis