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Terrorismo em Brasília

Vândalos antecipam fim do bolsonarismo no Brasil

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Mathuzalém Júnior* - Foto Adriano Machado

Os criminosos e antidemocráticos episódios de vandalismo ocorridos na noite dessa segunda-feira (12) em Brasília representam o fim antecipado do clã bolsonarista. O silêncio deliberado do presidente em fim de mandato é a prova definitiva de que ele, ainda que veladamente, estimula o caos. Foi um grito de apoio à safadeza. Tentar invadir a sede de um organismo público como o da Polícia Federal, cuja cúpula lhe serviu até bem pouco tempo, é o máximo da fraqueza política. Significa dizer que, mal comparando, é o mesmo que dar palco para doido se manifestar. Quer botar fogo no país, abra os palácios do Planalto e da Alvorada, ordene que queimem tudo e, depois responda ao mundo.

É uma tentativa de intimidação que sua excelência e todos os seus seguidores sabem que não vai chegar a lugar algum. Se o objetivo é atingir à democracia, tirem o cavalinho da chuva, pois as instituições brasileiras, escoltadas pelo Supremo Tribunal Federal e referendadas pela Constituição, estão mais fortes do que nunca. O único a perder será o próprio quase ex-presidente Jair Bolsonaro, que tende a perder todo seu cacife político de mais de 50 milhões de votos. Tentar nacionalizar a baderna a partir do Distrito Federal foi a pior coisa a ser pensada. Se é que foi pensada. A começar pelo governador, o DF é absolutamente bolsonarista.

E foi justamente esse povo que não conseguiu chegar em casa por causa da bandidagem financiada pela elite que quer continuar dando as ordens. Apesar de bolsonarista de carteirinha, há que se elogiar o governador Ibaneis Rocha pela determinação de prender todos os vândalos. Como são muitos, talvez faltem celas em Brasília. Tudo isso porque Luiz Inácio Lula da Silva foi diplomado à tarde presidente eleito do Brasília. Meu povo denominado gado, Lula é o presidente e ninguém lhe tira esse título. Se sobrar alguma de Jair Bolsonaro, só em 2026. Esperem até lá e tentem novamente. Por enquanto, aceitem que dói menos.

Pano de fundo, a reação à diplomação de Lula teve como pretexto a prisão temporária do pastor evangélico e líder indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Tserere. Não sei se mais pastor ou mais cacique, o tal Tserere é ativista a favor de Bolsonaro e conhecido da Justiça por organizar atos contra a vitória de Lula e ataques a ministros do STF e do TSE. Como disse um amigo, não sei o que esses fanáticos do mal podem fazer depois do dia 1º. de janeiro, data da posse do novo presidente da República. Talvez rasguem as roupas, saiam nus pelas ruas, queimem mais ônibus e matem quem cometeu o crime de votar contra Bolsonaro.

Tudo pode acontecer, inclusive nada, que é no que acredito. Após a posse, as forças Armadas e os serviços de segurança terão novos chefes. Se for o caso, construam novos presídios. O que não se pode permitir é que, em nome de um presidente que não está nem aí para eles, toquem fogo no país. Com a palavra o PL, o Partido das Lágrimas, cujas lideranças também são omissas com relação aos desmandos e às loucuras de Jair Messias. O silêncio presidencial tem o mesmo significado de lavar as mãos. No jargão popular, passou recibo. Presidente, leia o escritor norte-americano Tonny Robbins e, se ainda puder, reflita: “Saiba que são suas decisões, e não suas condições, que determinam seu destino”.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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