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Várias mexidas que dão novos ares a sobrado

Preto, com pitadas de branco e generosas porções de cinza. Eis, em linhas gerais, o esquema cromático deste sobrado de 300 m², e dois pavimentos, lar de um jovem executivo paulistano, no bairro do Jardim Paulistano. “Ele preza muito o hábito de receber amigos e familiares para cafés da manhã, almoços e jantares. Por isso fez questão que parte significativa da casa fosse reservada a esses visitantes”, comenta o baiano David Bastos, autor do projeto de interiores do imóvel, em conjunto com os também arquitetos Maianah Coin e Theo Varela.

“As pessoas, em geral, consideram o cinza frio demais para ser usado como base na decoração. Eu não penso assim. Para mim, ele agrega elegância aos projetos, assim como o preto denota personalidade. Por meio de uma escala que vai do branco ao preto, procurei compor ambientes práticos e funcionais, mas nunca impessoais”, considera Bastos.

De fato, empregada, sem parcimônia, em praticamente todos os ambientes da casa, a receita nunca conduz a um resultado duro ou indiferenciado. Muito ao contrário. Por onde quer que se olhe, a atmosfera geral é calma e, em alguns momentos, quase dramática. Em parte, pelo contraponto criado por alguns momentos definitivos de cor, como na porta, de vermelho intenso, que dá acesso à cozinha. Em parte, pela própria arquitetura do imóvel.

“Como a casa é intensamente iluminada, o cinza sobre as paredes não pesa tanto durante o dia. Já quando a noite se aproxima, à medida em que a luz cai, os ambientes se tornam mais escuros, sensuais”, explica Bastos.

De um rigor sóbrio, o sobrado modernista, de concreto, construído nos anos 1970 dispensou mudanças estruturais. Apenas o piso de madeira da área social teve de ser inteiramente trocado, assim como o projeto luminotécnico que foi revisto e ampliado.

“Usamos muita iluminação indireta, LED nas estantes, néon e luz dirigida apenas em alguns pontos”, comenta Davi, que atribui grande parte do impacto provocado pelo living à sua bem produzida estante, que percorre duas paredes do ambiente. Um mix afinado de livros, objetos e áreas de respiro.

“Guardada as diferenças de escala, penso que o mesmo deve se aplicar à distribuição dos móveis. É preciso pensar na praticidade. Não adianta nada encher de peças bonitas, se não houver espaço para as pessoas circularem ao redor”, lembra o arquiteto.

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