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Vasco vence burocracia e quer fazer do BRB uma alavanca da região

Há alguns anos quase todos os Estados brasileiros mantinham uma instituição financeira.Tinham seus próprios bancos. No Rio o Banerj, em Minas Gerais o Bemge, em Santa Catarina o Besc, em São Paulo o Banespa, e assim por diante. O Distrito Federal tinha o seu também, conhecido como Banco Regional de Brasília, que deu origem à sigla conhecida como BRB, mantida até hoje, embora seu nome comercial tenha passado a ser apenas Banco de Brasília.

Provavelmente a sigla antiga permaneceu porque já existia um BB que todo mundo conhece. O “R” de BRB, afinal, não quer dizer absolutamente nada. Fora a curiosidade, o mais importante é que o Distrito Federal foi uma rara exceção entre as unidades da Federação a manter a sua própria instituição financeira.

Por quaisquer critérios que sejam utilizados para avaliar a decisão de mantê-lo, certamente foi uma iniciativa positiva. Aí vem um governo novo, novas mudanças. Para órgãos que sofrem interferência política, mas que precisam de continuidade nas suas atividades, como as empresas de energia elétrica e água, por exemplo, o Banco de Brasília é um importante braço do GDF.

Com um quadro de servidores preparados, segundo avaliação do Banco Central, mas reduzido, há necessidade de promover e qualificar seus profissionais permanentemente. Muitas vezes, ainda que igualmente preparados, o BRB teve nomeados pelos governadores de ocasião, alguns presidentes estranhos ao quadro de servidores.

Agora Rodrigo Rollemberg decidiu atender a essa antiga tese de que um funcionário de carreira poderá tocar o BRB muito bem, se assim desejam os crachás de lá. Esse fato é pontual e emblemático se não passar pela cabeça do governador a mesma ideia de outros que sondaram uma privatização. Notibras, à época, recebeu sólidas informações sobre negociações nesse sentido.

Notibras, agora, recebeu também informações sobre a indicação de Vasco Gonçalves para assumir a presidência da instituição. Mais: o assunto veio acompanhado de uma denúncia sobre uma aplicação do fundo de pensão dos funcionários do BRB, feita pelo mesmo indicado ao comando do banco, mal sucedida.

Quem comandava a Regis naquele momento era Vasco Gonçalves. A Regius é uma sociedade civil de previdência privada. Note-se: privada. Especialmente por esse aspecto legal, agravado pela demora em que o governador anunciou o novo candidato ao cargo de presidente do Banco de Brasília, imediatamente foi feita uma apuração mais detalhada sobre a informação, que Notibras agora se sente no dever de publicar.

O caso é o seguinte, conforme relatado pelo próprio Vasco Gonçalves em entrevista a Notibras, ao cair da tarde desta segunda-feira 5:

Vasco esteve à frente da Regius de 2001 a 2007. O fato de o Fundo de Pensão ter aplicado 5 milhões de reais no Banco Santos no período da pré-intervenção, é verdadeira. Mas há uma verdade mais cristalina. As informações complementares que chegam  pelas palavras do próprio Vasco são as de que todas as exigências e normas foram cumpridas pelo gerente responsável pelo investimento, que está obrigado a movimentar os recursos dentro dos limites legais. E ele cumpriu as normas. Os 5 milhões estavam abaixo desse limite.

O Banco Santos era uma instituição participante da cesta do BRB desde os anos 90, sem sinais de irregularidades. Além do Banco de Brasília, mais 100 instituições financeiras, bancos e corretoras, depositaram lá seus recursos. Inclusive o fundo de pensão do próprio Banco Central, que tenta recuperar 10 milhões lá confiados. Dos 5 milhões, o BRB já recuperou, após o processo de liquidação do Banco Santos, 1,9 milhão de reais.

A performance de Vasco e sua equipe nos seis anos que estiveram comandando a Regius, foi fazer saltar um saldo inferior a 400 milhões para 950 milhões de reais, com um superávit de 148 milhões em 2007, sete vezes maior do que o recebido.

Essas são as informações que o próprio GDF deveria ter distribuído ao escolher o nome do novo presidente. Elas estavam à disposição, não de Notibras, mas da comissão de transição e bastava informar. Falha na comunicação. Do GDF, claro.

A ideia de que é acertado confiar o futuro do BRB aos profissionais que são servidores há décadas é quase uma unanimidade. Para muitos deles, chega a ser um sonho. Poderá ser esse o motivo de vazamentos que trazem meias verdades? Não importa.

Conclusão: se o Banco Santos sucumbiu levando mais de 100 investidores à ópera bufa de Edemar Cid Ferreira, o banqueiro que afanou quase 3 bilhões de reais, a culpa de não ter prevenido o mercado financeiro é do Banco Central. Certamente o Centrus, o fundo de pensão deles, deve estar cobrando de seus contribuintes (funcionários do BC) os 10 milhões que ficaram por lá.

Feita a reparação, Notibras torce pelo BRB. Nota: mesmo que uma aplicação seja inferior a 1% dos recursos disponíveis, como foi o caso da Regius no Banco Santos, ela é conhecida como um investimento de risco. Em milhares de aplicações, uma pode não dar certo. É assim que uns ganham e outros perdem. Está explicado.

Agora, uma informação nova, para ser degustada por todos os 3 mil 200 servidores do BRB que sonham em ter um colega de crachá à frente da Instituição. Na quinta-feira 8, o Conselho de Administração do Banco de Brasília, vencidas algumas etapas burocráticas, aprovará a indicação feita por Rollemberg.

A partir daí, o nome de Vasco Gonçalves será encaminhado ao Banco Central, onde, supõe-se, receberá o respectivo e definitivo aval. O passo seguinte será uma sabatina na Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara Legislativa. Mas, como os deputados distritais estão em recesso, essa espécie de ‘entrevista’ ficará para a primeira semana de fevereiro.

Até lá, o presidente indicado vai tomando pé da situação e fazendo alguns ajustes, como a futura redução de diretorias e o fortalecimento das agências. O banco, Vasco conhece. Até porque, é superintendente do BRB. Depois é fazer um gol de placa e consolidar a condição do Banco de Brasília como instituição de desenvolvimento de toda a região Centro-Oeste. Mecanismos para isso não faltam. E quando o projeto está em boas mãos, como dizem estar, é fácil realizar.

José Seabra – Colaborou Kleber Ferriche

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