Fim de semana na casa da vovó
‘Velha é você, sua chata’, diz Marquinho. ‘Tá, desculpa’
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emMarco Antônio, o Marquinho, adorava passar os finais de semana na casa da avó. Seus pais também gostavam da ideia de deixar o filho com a velha, mesmo porque aproveitavam o tempo para reviver os tempos de namoro.
O moleque, no alto dos seus quatro anos, passava por aquela fase inconveniente de por que para tudo. A idosa, paciente como quase todas as avós, achava graça. Tanto é que, não raro, passava boa parte do tempo respondendo aos questionamentos do pirralho, que poderiam encher facilmente um calhamaço.
Pois lá estava o Marquinho sentado à mesa da cozinha, enquanto a avó preparava um bolo de chocolate. Atento a tudo, o menino não perdia oportunidade de perguntar sobre o por que de cada ingrediente. E a parenta, na maior boa vontade, fazia questão de responder a todas as curiosidades do neto.
Enquanto os dois conversavam, eis que a campainha tocou. Era uma vendedora de cremes faciais. A mulher garantia que os produtos faziam milagre na pele de qualquer um, inclusive da coroa.
— Minha senhora, pode ficar tranquila, que, em no máximo um mês, a sua cútis será a de uma mulher jovem e não a de uma velha.
A avó ria das palavras da vendedora, mas o Marquinho pareceu não apreciá-las.
— A vovó não é velha, sua chata!
Apesar do leve desconforto, a dona da casa acabou comprando um frasco do tal milagroso creme. Não que acreditasse nas promessas, mas apenas para se livrar do imbróglio. E, assim que a porta se fechou, aconteceu o seguinte interlúdio.
— Marquinho, foi errado o que você falou.
— Desculpe, vovó.
— Ah, esquece! Bem que você tem razão.
……….
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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