Rejeição. Essa é a palavra chave que vai enterrar a carreira política do governador Agnelo Queiroz, que tenta a reeleição mergulhado em um mar de lama.
Incompatibilidade eleitoral. Essa a pedra no sapato do deputado Luiz Pitiman, que não agrega os votos do presidenciável Aécio Neves em Brasília.
Esperança. Essa a palavra de ordem na crescente preferência do senador Rodrigo Rollemberg junto ao eleitorado.
Porto seguro. Essa a melhor definição para indicar ao ex-governador José Roberto Arruda que a sua tábua da salvação é a deputada Eliana Pedrosa.
Essas opiniões não refletem necessariamente a posição do repórter. São manifestações de três observadores do cenário político brasiliense, após se debruçarem para uma análise profunda de uma pesquisa reservada, feita pelo Instituto Veritás, sobre a sucessão na capital da República.
Os números do estudo, realizado entre os dias 3 e 6 de junho, não deixam dúvidas. Em uma das simulações sobre o candidato preferido para ocupar o Palácio do Buriti no próximo ano, em termos de votos válidos, 42,9% dos eleitores manifestam preferência pelo ex-governador José Roberto Arruda. Justamente o dobro do que caberia a Agnelo Queiroz (21,4). O senador Rodrigo Rollemberg aparece logo atrás, com 19%.
Depois, numa escala decrescente, aparecem as deputadas Liliane Roriz (PRTB), que sequer é pré-candidata, Eliana Pedrosa (PPS), que prega ser sua candidatura inarredável, e Luiz Pitiman e Izalci Lucas, ambos do PSDB. Somados, os quatro arrebanham em uma das simulações 30% dos votos válidos. O mesmo levantamento indica que Toninho do Psol é lembrado por 6% do eleitorado.
Um dado que teoricamente justifica o comentário de que Agnelo Queiroz é cachorro morto na próxima eleição, é o índice de rejeição ao governador. Segundo o Instituto Veritás, 70,4% dos eleitores não votariam nele de jeito nenhum. Arruda aparece na mesma pesquisa com 29% de rejeição, contra 5,6 de Pitiman e 4,6 de Rollemberg.
Inexplicavelmente Liliane e Eliana não foram incluídas no item rejeição da pesquisa. Mas os analistas consultados por Notibras lembraram, no caso específico de Eliana Pedrosa (sempre observada a decisão de Liliane Roriz não entrar na disputa) que a deputada, em outras pesquisas, tem registrado um índice pífio de rejeição.
Sobre a unanimidade de Eliana ser o ‘porto seguro’ de Arruda, a explicação fica condicionada não apenas ao veredito da Justiça Eleitoral para o imbróglio processual do ex-governador, aguardado para o próximo dia 25. A opinião comum é a de que, mesmo que sobreviva às ações que correm contra ele, Arruda não resistiria ao suposto massacre da campanha, ao ver repetidas vezes a própria imagem recebendo dinheiro das mãos de Durval Barbosa, delator do esquema do Mensalão do DEM.
Se de um lado existe a insegurança jurídica de Arruda, de outro há o perfil de Eliana Pedrosa, que se assemelha ao do ex-governador. A deputada é uma batalhadora, tem cheiro de povo, tem voto e já demonstrou na vida privada, antes de ingressar na política, como bem administrar as coisas. Eliana foi secretária quando Arruda era governador. Os dois nutrem mutuamente respeito e confiança.
A tábua de salvação da oposição de centro-esquerda à aliança PT-PMDB que prometeu um novo caminho ao povo de Brasília, mas que afundou na lama produzida ao longo dos últimos três anos e seis meses, pode estar sendo colocada para ser cruzada por passos firmes. Se não for assim, Agnelo pode virar não uma Fênix, mas um urubu capaz de engolir a carniça do cachorro morto.
José Seabra