Curta nossa página


2026 antecipado

Vermelho do déficit fiscal cria o preto da lápide política de Lula-3

Publicado

Autor/Imagem:
Dora Andrade - Foto Ricardo Stuckert/ABr

A área econômica do governo Lula-3 anda tão confusa, que chega a inspirar contos macabros realistas. O odor que entra por nossas narinas e consome nossas entranhas é acre, azedo, nauseabundo. Exala do asqueroso pacote elaborado por Fernando Haddad, aprovado pelo Congresso a toque de caixa e sancionado pelo presidente no apagar das luzes de um ano dominado pela especulação financeira. Fez-se árida a terra; e plantaram à beira de um abismo fiscal sementes podres que não germinam.

A ‘cesta de bondades’ do ministro da Fazenda foi apresentada em diferentes oportunidades a parlamentares e representantes do setor produtivo. Salas sempre cheias, mas o silêncio ensurdecedor. Na tela, gráficos e números dançaram em vermelho vibrante, enquanto Haddad tentava, com voz trêmula, explicar o inexplicável. As contas públicas estão em frangalhos, e a esperança de um grande projeto de governo escorre pelo ralo da realidade.

A proposta na campanha eleitoral sinalizava uma gestão promissora, cheia de ideias revolucionárias. Infraestrutura, saúde, educação, tudo parecia ganhar um novo brilho nos discursos. E o povo, mesmo cansado de promessas vazias, decidiu acreditar mais uma vez. Porém, a matemática, como ciência exata, não perdoa.

No começo de Lula-3, as medidas populistas eram aplaudidas. Auxílios distribuídos, impostos reduzidos, obras inauguradas. A população sentia o alívio imediato, mas ignorava o preço que começou a chegar. O déficit cresce como uma nuvem negra no horizonte.

Em dois anos, os impactos se tornaram inevitáveis. A inflação corrói salários, o câmbio dispara e os investidores fogem como pássaros de um campo incendiado. As dívidas são deixadas para trás, cada vez mais pesadas, lembrando âncoras que impedem o navio de seguir em frente.

Ideias (e os ideais de um moribundo visionário) começam a ser abandonadas, uma a uma, como passageiros em um balão que precisa aliviar peso para não cair. O hospital suburbano prometido ficou pela metade; a escola nunca saiu do papel, as sementes não deram frutos. Tudo porque o vermelho das contas públicas é mais forte que o entusiasmo dos projetos.

Lula-3 precisa entender que governar não é apenas sonhar; é acima de tudo equilibrar. O povo, antes empolgado, agora está frustrado. Porque não basta pessoas ter boas intenções; disso o Inferno está cheio. É preciso ter responsabilidade fiscal.

A lição aprendida parece ter vindo tarde demais. O sucesso de um governo não depende apenas de ideias nobres, mas da capacidade de transformar essas ideias em ações sustentáveis. E no final, caso não haja mudança de rota, restará até 2026 a amarga certeza de que, na política como na vida, o equilíbrio é a chave para tudo.

Como o vermelho mancha sonhos, o eleitor aprende a cada dia que promessas audaciosas desaparecem como água entre os dedos. Nada de infraestruturas reformadas, escolas iluminadas pelo futuro, e hospitais que se tornariam fortalezas da saúde pública. A população, desperançosa, faz gracejos, desdenha uma propaganda manipulada que mostra crianças sorrindo e obras em andamento.

Mas Lula-3 esconde a realidade fora do campo das câmeras: um déficit crescente, como um monstro invisível que se alimenta dos cofres da União. As promessas tropeçam no chão da realidade quando os números teimam em não fechar. Os sinais de alerta são sutis. Um projeto adiado aqui, um corte discreto ali. Os salários são congelados, os impostos aumentam, o dólar dispara, os juros sobem como um foguete e a inflação bate à porta, roubando poder de compra e paciência.

A oposição, que antes parecia perdida em discursos sem eco, reencontra seu combustível no vermelho das contas públicas. “Incompetência” vira palavra do dia. A confiança da sociedade, aquele ativo intangível mas essencial, começa a evaporar. A chuva fina está virando tempestade. Nas redes sociais, vídeos de estradas esburacadas competem com hashtags pedindo mudanças. O projeto de governo, que tanto prometia, tornou-se um navio afundando no mar revolto da crise econômica.

Em dois anos, a lição aprendida veio tarde demais. O sucesso de um governo não depende apenas de ideias nobres, mas da capacidade de transformar essas ideias em ações sustentáveis. E no final, caso não haja mudança de rota, restará até 2026 a amarga certeza de que, na política como na vida, o equilíbrio é a chave para tudo. Decididamente, Lula precisa abrir o olho com Haddad, para que o vermelho das contas não se transforme no preto de sua lápide política.

……………………………

Dora Andrade é Editora de Business de Notibras

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.