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Viagem de Lula à China vira aposta contra o dragão do mal

Brasília (DF), 06/04/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.

Depois de cem dias, o velho não morreu e o novo não nasceu. É como se não houvesse uma faxina na Esplanada. Mais do que avançar, o Planalto dedicou boa parte do seu tempo e energia em reparar e reconstruir políticas nesses cem primeiros dias. É verdade que isso não é pouco, como registra a cientista política Celi Pinto, e é muito se lembrarmos que o antigo ocupante do Alvorada gastou o mesmo tempo afastando aliados, demitindo dois ministros e perguntando o que era o golden shower.

Lula assumiu como se o 8 de janeiro tivesse durado seis anos e ele fosse o único membro da equipe da faxina. E o presidente parece lutar sozinho contra um dragão da maldade: uma inflação que torna insustentáveis os preços, desde o miojo ao aluguel, e uma taxa de juros que condena 78% das famílias ao endividamento. Sem crescimento econômico, as chances de uma crise social e política são enormes.

Duas pesquisas já acendem o sinal amarelo. Em uma delas, a classe média e evangélicos se dizem esquecidos pelo governo. Já o Datafolha demonstra que a opinião pública mantém congelado o cenário político do ano passado, com fidelidade ao lulismo e ao bolsonarismo, e com o sudeste em disputa. A pesquisa traz pelo menos uma boa notícia: 80% dos entrevistados concordam com as críticas do presidente à Campos Neto e 71% que a Selic está muito mais alta do que deveria.

Com a apresentação do novo marco fiscal, a equipe econômica conseguiu sair das cordas e Haddad mostrou que não tem medo de fazer o tema de casa como cobrado pelo mercado. Mas vencer na opinião pública não é suficiente, ainda mais quando o presidente do Banco Central insiste que o novo arcabouço fiscal não interfere na decisão de baixar os juros.

Agora até os industriais e os banqueiros já admitem que a política do Banco Central é suicida e está agravando a crise na produção e no mercado de créditos. Por isso, o governo não vai ficar esperando a boa vontade de Campos Neto ou do Congresso, onde a reforma tributária apenas engatinha, para resolver os problemas econômicos. Os próximos alvos já foram traçados: salvar a indústria automotiva em crise, evitar uma escalada no preço dos combustíveis, mexendo na política da Petrobras e, principalmente, apostar na parceria estratégica com a China, que com,eça na viagem de Lula a Pequim no dia 11.

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